Projeto Mães Jardineiras reúne mulheres para cultivar Cannabis medicinal

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O projeto Mães Jardineiras foi criado pela Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (Sbec) e tem o objetivo de fortalecer essa rede de mães que lutam pelo acesso ao tratamento com Cannabis para seus filhos ou parentes.

O grupo conta com 11 mães amparadas judicialmente. Elas compartilham conhecimento com outras mulheres, que também possuem filhos em tratamento com a planta e buscam o mesmo direito. Uma dessas madrinhas é a enfermeira e pesquisadora Nayara Mazini, mãe de Letícia, de 7 anos. A menina nasceu com Síndrome 1p36, uma condições que causa epilepsia desde 1 mês de vida. Aos 4 anos, a condição evoluiu para Síndrome de Lenox Gastaut, uma epilepsia refratária de difícil controle.

Em fevereiro de 2019, Nayara conquistou um Habeas Corpus para o auto cultivo, ou seja, o direito de plantar e produzir a medicação de Letícia. O documento foi duplo e se estendeu à amiga Cláudia Marin, mãe do Mateus, que também sofre de epilepsia. Elas moram em Marília, no interior paulista.

Cláudia, Nayara e os filhos Mateus e Letícia

Nayara conta que, com o tratamento, a Letícia apresentou uma grande melhora na imunidade e passou a ter uma vida com rotinas de criança, com brincadeiras, passeios e escola.

“Nunca mais eu precisei dar antibiótico pra Letícia. Eu voltei a trabalhar, a estudar, estou fazendo mestrado. Então teve uma transformação na vida dela e na minha também, aliás na vida de toda família”, comemora.

No entanto, a Nayara passou por muitas dificuldades para ter acesso à Cannabis medicinal. Ela fazia uso da medicação importada, fornecida através de autorização da Anvisa. Só que lá em 2017, a burocracia era imensa.

“Antes do salvo conduto era uma tortura. Um monte de laudo, receita, termos, era uma burocracia imensa, não tinha essa via de fazer pela internet, tinha que mandar documento físico”.

Dificuldade com importação de sementes

Com o Habeas Corpus em mãos, a burocracia agora é outra: a dificuldade com a importação das sementes.

“A gente não tem regulamentado o cultivo no país. Dificulta porque as espécies (brasileiras) são ricas em THC e pobres em CBD. As crianças precisam de espécies ricas em CBD. Então a gente tem que importar as sementes. Mas quando passam pela aduana, em muitos casos elas ficam retidas e depois são inutilizadas pelo Ministério da Agricultura, alegando que não tem registro fitossanitário”, lamenta.

A mãe jardineira questiona de que vale possuir o salvo contudo se não se consegue legalmente acesso às sementes adequadas para as condições de cada paciente. Por isso a importância desta rede entre as mães, que vão se ajudando tanto na troca de experiências como de sementes. O projeto ajuda ainda na organização de documentação clínica para as participantes e oferece uma rede de profissionais de saúde.

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