Jacinta nasceu na província de Viterbo, próximo a Roma, na Itália, em 1585. Seu nome de batismo era Clarice. Ela pertencia a uma família nobre. Era filha do príncipe Marco Antônio Mariscotti e de Otávia Orsini. Tinha parentesco com os príncipes Orsini.
Jacinta recebeu uma refinada educação, digna dos nobres, bem como os irmãos. Estes nobres, da aristocracia de Roma, tinham vínculos fortes com a Igreja Católica. Por isso, a educação cristã que recebiam era uma herança preciosa a ser passada aos filhos. Ainda criança foi entregue às religiosas franciscanas onde Inocência, sua irmã mais velha, já vivia uma vida religiosa fervorosamente. Seus pais queriam que Jacinta vivesse a mesma vida com a irmã, mas ela nunca demonstrou a mesma vocação. Muito pelo contrário, não queria saber da vida religiosa.
Jacinta era uma mulher bonita, independente e culta, mas gostava de levar uma vida fútil, cheia de vaidade e com muito luxo. Sonhava com o casamento e não pensava numa vida religiosa. Mas teve uma grande decepção quando a irmã mais nova casou-se com o Marquês de Capizuochi, que Jacinta queria conquistar. Tempos depois, com outro pretendente, o casamento também não aconteceu. Após estes acontecimentos, Jacinta tornou-se mais altiva, fútil e insuportável. Ela procurava as diversões oferecidas pela alta sociedade.
Vendo a vida que levava, seus pais enviam Jacinta para o Mosteiro de São Bernardino de Viterbo, da Ordem Terceira de São Francisco, junto da irmã Inocência. Muito à contragosto, vestiu o hábito, trocou seu nome para Jacinta e iniciou sua experiência religiosa. Suas vaidades a acompanharam no convento e, por dez anos, ela não foi exemplo para suas irmãs de hábito. Vivendo no luxo de um quarto que mandou decorar e usando belas roupas de seda.
Mudança
Sua mudança interior começou com a notícia de que seu pai tinha sido assassinado. Jacinta começou a questionar os valores da vida, da riqueza e dos títulos da nobreza. Depois, ao ficar gravemente doente, o capelão que servia o convento não quis atender sua confissão, recusando-se a entrar no luxuoso quarto de Jacinta, e dizendo-lhe com severidade: “O Paraíso não é feito para pessoas vãs e soberbas”. Estas palavras tocaram profundamente Jacinta, a ponto de dizer ao confessor: “Quer dizer que não há mais salvação para mim! ” O capelão respondeu-lhe que a única maneira de salvar sua alma era pedindo perdão a Deus, reparando os maus exemplos que ela havia dado às companheiras e mudando de vida.
Jacinta prometeu tudo ao capelão. Depois, seguindo os conselhos do religioso, foi até o refeitório do convento no momento que toda a comunidade estava reunida e, sob muitas lágrimas, prostrou-se reconhecendo suas falhas e erros em voz alta, pedindo perdão de todos os escândalos. As irmãs, espantadas e comovidas com seu ato de humildade, alegraram-se e prometeram unir suas orações às dela, a fim de que tamanha graça fosse consumada.
Tempos depois, Jacinta foi eleita como superiora do convento e mestra das noviças. Suas penitências severas e prolongadas orações eram sempre em favor de todos os pecadores. Sob sua orientação, muitas pessoas, depois de convertidas, fundaram instituições religiosas, orfanatos e asilos.
Mesmo vivendo no convento, ela e suas amigas encontraram meios de exercer a caridade. Durante uma grave epidemia que atingiu a região ela criou duas associações: uma para conseguir esmolas para os mendigos, convalescentes e presos; a outra para construir um hospital. A essas duas associações ela chamou de Oblatas de Maria. Elas existem até hoje em Viterbo.
Morte e canonização
Jacinta não tinha completado 50 anos, quando foi atacada por um mal súbito que a levou à morte em poucas horas. Ela faleceu no dia 30 de janeiro de 1640 e foi sepultada na igreja do convento, em Viterbo, onde se converteu. O Cardeal Mariscotti, sobrinho de Jacinta, solicitou a sua beatificação, que foi pronunciada em 1726 pelo Papa Bento XIII, membro da família. O Papa Pio VII a canonizou em 24 de maio de 1807.
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