As mulheres que enfrentaram a lei pela saúde das filhas

Compartilhe a Verdade

O que uma mãe seria capaz de fazer para ver sua cria saudável, feliz, sem dores? Até onde elas são capazes de chegar? Elas importaram óleo de Cannabis mesmo sendo ilegal, compraram óleo clandestino, ultrapassaram a barreira do preconceito – muitas vezes o próprio e o social – uniram-se em torno de associações. Essa luta legalizou uma série de procedimentos no que concerne o uso da planta para fins medicinais.

Margarete Brito, mãe da Sofia

Agência Fiocruz de Notícias

Depois de uma gravidez tranquila e um parto sem intercorrências, Sofia nasceu: um bebê lindo e gorducho. Tudo estava dentro do previsto até o seu 35º dia de vida, quando ela teve a primeira convulsão. “Foi o início de um sofrimento: além de dar drogas e mais drogas para aquele bebê tão pequenininho, tão delicado, nenhuma delas controlavam as crises. Eram drogas e mais drogas, repito. E todas lícitas. Tarja preta, vermelha, amarela, todas as cores, todas as doses e combinações.”

Dois anos e meio depois veio o diagnóstico: Sofia tem mutação no gene CDKL5, uma condição genética rara, que prejudica a produção de uma proteína responsável pelo bom funcionamento do cérebro. E isso lhe causa atraso global no desenvolvimento e muitas crises convulsivas.

Diante do diagnóstico e com a falta de resposta dos medicamentos alopáticos, Margarete começou a articular um blog e a conhecer pessoas com casos parecidos. A partir dessa troca de informação virtual, ela descobriu que o óleo extraído da Cannabis poderia ser valioso para casos como o de Sofia.

O ano era 2013 e o canabidiol não era produzido no Brasil e a importação da produção norte-americana era considerada ilegal. “Mesmo cometendo um crime, importei o remédio para Sofia, porque a vida da minha filha não espera o tempo dos homens repensarem suas leis. As crises convulsivas diminuíram pela metade. Era uma luz no fim do túnel”, relata.

Pensando na vida de tantas outras crianças que, assim como Sofia, tampouco podiam esperar, Margarete se juntou a outras famílias para criar a Apepi – Apoio a Pesquisa e Pacientes de Cannabis. Essa luta reverberou a ponto da Anvisa, em 2014, retirar o canabidiol da lista de substâncias ilegais. Mas, como explicou Margarete, nem sempre autorizar a importação significa acesso – já que o processo continuava burocrático e caro.

Margarete foi a primeira mãe a conseguir a autorização judicial para plantar Cannabis para fins terapêuticos. E depois de criar precedentes nos tribunais, e, através do trabalho na associação, ela auxilia outras famílias a percorrer esse caminho.

Nadhusca Sanches, mãe da Nalu

Era um bebê sem vida. Hoje, ela sente cócegas, dá gargalhadas ...

Pouco depois de nascer, Nalu teve a primeira crise convulsiva e teve de ser encaminhada para UTI, reanimada e entubada. “Quando a médica me deu a notícia, ela não me deu nenhuma esperança da minha filha sair viva do hospital. Nenhuma expectativa sobre como ela poderia se desenvolver”, conta a mãe de Nalu, Nadhusca Sanches.

Nadhusca foi liberada depois de cinco dias, mas continuou fazendo o mesmo caminho de volta para o hospital nas primeiras horas da manhã – para acompanhar Nalu e também para ordenhar seu leite. Regressava à casa tarde da noite até o 25º dia de vida de Nalu, quando a pequena finalmente recebeu alta. Nadhusca voltou para casa com a filha nos braços, e com a receita de dois anticonvulsivos, o que não impediu que Nalu continuasse a ter convulsões.

“As crises convulsivas em bebês são muito sutis. Ela tremia o olhinho, subia a bochecha. Como criamos o hábito de filmar, no retorno da consulta a neuropediatra confirmou que se tratava de crise convulsiva”. Nessa época, Nalu tinha uma média de sete convulsões por dia e então foi sugerido a primeira troca de medicamento.

Por volta dos oito meses, Nalu já contabilizava o uso de cinco anticonvulsivos e vivia num estado quase vegetativo, conforme relata Nadhusca: mamava pouquíssimo, não tinha expressão, chegava a dormir 16 horas seguidas. “Ela estava dopada” e mesmo assim convulsionou.

“Perdi meu chão. É angustiante ver sua filha passando por uma situação em que você não pode intervir. Você fica olhando o relógio para ver quanto tempo dura a crise. No hospital não fazem nada, não se pode aumentar a dose dos remédios. ” Mas o medo em vez de paralisá-la a fez seguir em frente e pesquisar alternativas para além da alopatia. Depois de muita pesquisa online, mas ainda sem um médico prescritor, Nadhusca e seu marido, Felipe Gritti resolveram administrar canabidiol por conta própria. Sucesso total: de 7 convulsões por dia para nenhuma durante duas semanas.

“Eu agradeço todos os dias ter escolhido pesquisar outras opções de tratamento. Como funcionou para Nalu – a Cannabis associada a diversas outras terapias – nossa missão é compartilhar com as pessoas tudo o que passamos. Queremos mostrar que tem um tratamento que funciona, que existe luz no fim do túnel”.

 

Ajudem no Merch:
escoladelucifer.com.br
unebrasil.org
unebrasil.com.br
unebrasil.wixsite.com/livrolucifer

 

Luz p’ra nós! 

 

 

 

 

Compartilhe a Verdade:
Pin Share

Compartilhe a Verdade

22 thoughts on “As mulheres que enfrentaram a lei pela saúde das filhas

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Next Post

Campanha chilena incentiva doação de Cannabis em tempos de isolamento

Compartilhe a VerdadeAs Fundações Daya e Mamá Cultiva (Mamãe Cultiva) e a corporação de cultivo comunitário Dispensario Nacional, do Chile, lançaram no dia 24 de abril a campanha “Colheita Solidária: compartilhe suas flores com quem mais precisa”. Trata-se de um chamado para que os produtores de Cannabis se conectem com […]

Apoie nosso trabalho! Compartilhe!