A professora pública Neide Salim, de 41 anos, criou um robô cão-guia para ajudar pessoas com deficiência visual. E o projeto, que tem mudado a vida de milhões de pessoas desde que foi criado, em 2011, ganhou um prêmio internacional agora em novembro.
A startup da professora, a Vixsystem, que produz a Lysa, foi uma das 12 selecionadas em uma competição de pitch (apresentação de ideias) no Slingshot 2021, um dos maiores polos de inovação do mundo, em Singapura, na Ásia.
O concurso contou com quase 5.000 empresas inscritas. O prêmio para a startup capixaba e para as demais empresas do top 12 será de US$ 50 mil (R$ 282 mil).
Ideia veio de uma aluna
Apelidado de Lysa, o equipamento de acessibilidade obedece a comandos de voz, faz mapa do espaço, identifica objetos em várias alturas e alerta o usuário.
Lysa não abana o rabo, não late, mas faz todo o trabalho essencial de um ‘cão-guia’.
O desenvolvimento começou em 2011 a partir da ideia de uma aluna. Neide contou que dava aulas de robótica para o Ensino Médio de uma escola municipal, no centro de Serra, no Espírito Santo.
Durante uma dessas aulas, ela trabalhou o tema “projetos sociais” como lixeiras automáticas para reciclagem. Foi quando uma aluna perguntou se poderiam fazer um robô-cachorrinho para ajudar as pessoas que não enxergam.
A ideia ficou na cabeça e a professora, que tinha uma aluna cega, passou a conversar com ela para entender as necessidades do dia a dia.
“Foi quando eu soube que desviar de objetos suspensos era o seu maior desafio”, disse.
Hoje a professora tem uma startup
O primeiro protótipo de Lysa foi feito com peças de ferro velho. A aluna testou e afirmou que aquilo iria mudar a vida dela.
A partir desse momento, Neide fez do robô seu projeto de vida. Ela deixou a profissão, levou o robô para o reality show “Shark Tank” e saiu de lá com R$ 200 mil e quatro sócios.
“As coisas começavam a andar, e daí veio a pandemia. Tivemos de paralisar os testes, e a única coisa que pude fazer foi correr atrás de financiamento, caçar editais. Deu certo de novo. Captei R$ 3 milhões e iniciei, enfim, a produção”, disse.
O apoio foi dado por três fundos públicos de amparo à pesquisa de São Paulo, Rio e Espírito Santo.
O recurso permitiu melhorias na versão final do robô, que pode ser programado para gerar mapas de ambientes fechados, permitindo uma verdadeira navegação.
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