O Matriarcado #circuloedl

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O poder misterioso feminino que gera a vida em seu ventre e a nutre em seu seio foi o berço das primeiras experiências espirituais do ser humano. O matriarcado parece prevalecer nos primórdios das civilizações, quando as sociedades ainda se organizavam em tribo e estavam em processo de expansão. Haviam diversos povos espalhados pela terra, alguns mais evoluídos com desdobramentos Luciferianos e outros mais primitivos e mais próximos do Reinos Animal, mas vemos em todos os povos formas de cultos ao divino e religiões, que em muitas culturas se conectam.
Deus se manifesta para povos diferentes que tem perspectivas diferentes de Deus, mas todas juntas falam da mesma força que comungavam meio a natureza.
O próprio contato com a natureza, a Mãe Terra, sobre a qual vivemos, a qual nos sustenta, nos dá a vida e o alimento releva como o ser humano passou a sintonizar com dimensões celestes do Reino Dévico. A partir da observações da natureza o ser humano buscava entender suas origens, e a saldavam em vida como a Grande Mãe. Os povos paleolíticos acreditavam que as cavernas eram o útero da mãe dos vivos, e lá faziam rituais de fertilidade, nascimento e morte. Foram descobertos em estudos arqueólogos estatuetas de mulheres dando a luz e amamentando em um culto a Deusa aonde o princípio do sagrado feminino nos é revelado. Descobertas de estudos arquelógicos como esse mudam nossa forma de interpretar o processo evolutivo religioso da humanidade.
A religião da Deusa, a grande Mãe, esta nos primórdios de todas as civilizações em tempos imemoráveis, e depois foi ocultada e renegada pelos dogmas das religiões patriarcais, como essas e muitas outras descobertas foram. Irei nesse post sintetizar um pouco dessa transição de matriarcado para patriarcado e decifrar o culto à Grande Mãe. Lembrando que sou apenas perspectiva e não totalidade, e esse olhar para os primórdios é apenas um dos diversos ângulos existentes.
No final da era glacial, cerda de 10.000 a 8.000 anos a.c. as sociedades primitivam tinham meios mais favoráveis para se desenvolver em tribos cada vez maiores com organizações mais complexas. O desenvolvimento da agricultura, a criação de animais e a manipulação da matéria bruta em arte, armas e utensílios domésticos deu início a idade da pedra polida. Entende-se que a mulher que deu origem à agricultura, pois já que eram elas que coletavam os frutos e os grãos, devolveram a semente a Grande Mãe e ela lhes revelou os mistérios da plantação, assim também as mulheres descobriram o pão ao manipular as sementes do trigo. Com seu instinto criativo transformavam os produtos brutos da natureza em utensílios domésticos e arte, passaram a tecer os fios de lã dos animais em roupas e também utilizaram o barro junto a água e o fogo para modelar vasos. Elas faziam a manutenção e cuidado da tribo, faziam os alimentos, medicinas e cuidavam das crianças, plantas e animais, enquanto os homens iam à caça e desbravavam a floresta em busca de novas terras.
A linhagem era matrilinear, comunidades matrimoniais e geocêntricas, não haviam casamentos monogâmicos nos primórdios das civilizações e não era possível reconhecer a paternidade precisa das crianças, as crianças pertenciam à comunidade e a hierarquia era passada de mãe para mãe.
Devido à sua sensibilidade as mulheres eram as mediadoras entre o ser humano e os espíritos da natureza, durante milênios foram elas as parteiras, benzedeiras, curandeiras e sacerdotisas, por serem reconhecidas com um misterioso portal entre o mundo dos espíritos e da matéria. Elas ministravam os ritos de passagem, os cultos e a leitura cósmica dos ciclos planetários, por vivenciarem mais intimamente em seu corpo através de seus ciclos lunares. As mulheres mais velhas eram reconhecidas como as sábias da tribo, por portarem a conexão com os espíritos da natureza, o conhecimento das ervas e a sabedoria de fazer medicinas e rituais de cura e fertilidade.
A Deusa representa todo ato de criação da natureza e a dança de seus ciclos em estações, as fases da lua, os ciclos planetários, do nascimento ao crescimento, do florescimento ao amadurecimento, da morte ao renascimento. Seus ciclos são vividos ao longo da existência do ser, e os antigos povos o viam expresso na mulher em suas fases, da infância ao despertar sexual, ao dar a luz e amamentar, no recolhimento sábio da menopausa à velhice, a mulher era a sábia tecelã. Na antiga tradição comemorava-se passagens e transformações na vida feminina vistas não apenas do ângulo biológico mas com simbologias de mudança em todos os níveis como uma etapa de evolução espiritual, essa cognição ritualística da vida permite a conscientização e direcionamento do poder criativo feminino, em níveis individuais e coletivos. O representante de Deus era o sacerdote companheiro escolhido pela Deusa.

Ao lançar os olhos às antigas comunidades vemos basicamente uma forma de organização em que as mulheres faziam a manutenção e cuidado do coletivo e os homens tratavam das tarefas mais árduas, como a expansão da tribo, a proteção contra ataques adversos, a caça e pesca, o pasto, a preparação da terra para o plantio e o desenvolvimento de armas. A transição da sociedade de colheita para a de caça e conquista levou a uma nova estrutura social em que prevalecia a força física e a habilidade masculina de tirar a vida, em oposição a de gerar e cuidar dela, características femininas.
Enquanto as mulheres se reuniam em rituais, os homens criavam seus grupos centrados na demonstração de força, poder e celebração de feitos heroicos. Com a descoberta do seu papel na procriação ignorado até então e revelado pela criação de animais domésticos, houve uma mudança na mentalidade masculina. O respeito pela totalidade de criação da mulher foi substituído pelo orgulho de serem os co-criadores, e pela autoridade e dominação do mais forte. Cultuavam o Deus da floresta, da caça e da vida selvagem e começaram seus cultos de forma a dar energia às  suas práticas de conquista e batalha. Os jovens eram tentados a mostrar sua agressividade, competitividade e instinto de dominação em ritos de transição de criança para adulto, feitos com jogos e lutas. E com o surgimento de armas mais desenvolvidas pela manipulação do metal, deu início à idade do ferro.
Idade do ferro
Uma nova organização social, uma nova hierarquia, agora com castas de guerreiros foi surgindo, e as comunidades neolíticas foram adquirindo características patriarcais e bélicas, seguindo uma linhagem de geração patriarcal. Os povos mais ariscos impuseram-se aos demais disseminando o patriarcado, e assim os primeiros líderes militares representavam os primeiros reis. O poder da mulher declinou no lugar do novo sistema, a religião deixou de demonstrar reverências à terra, à lua, à mulher, à mãe e à vida, e passou a saldar o pai, o sol, o homem, a guerra e a morte. O Deus dos antigos povos primitivos era aquele que os protegia, e se um povo dominasse outro, significava que seu Deus era mais forte que o Deus do povo dominado.
As grandes mães como Cibele, Demeter, Gaia e Tellus, cultuadas como senhoras da terra, dos ciclos e dos frutos foram reduzidas a personificação da terra e da matéria. Os mitos das Deusas foram reescritos por patriarcas e profetas de modo a enfatizar o poder de Deus, e as Deusas foram atribuídas a forças maléficas. Seus símbolos foram reduzidos, dos quais prevaleceram a serpente, o dragão, a escuridão, a lua negra, sinônimos de perigo e azar. Os mitos de criação foram deturpados e deixaram de conter conceitos primordiais da tríade, Pai, Mãe e Filho, e o lugar da mãe foi simbolizado pelo Espirito Santo. Muitos mitos de reverencia a Deusa também foram ocultados para que o poder da mulher fosse limitado, tornando-as espiritualmente inferiores.

Para garantir a autoridade do povo de um Deus hebraico, foi imposto sobre a psique da mulher símbolos opressores do poder feminino, e as mulheres eram condicionadas a se dirigir a um Pai celeste que as ameaçava com o medo do pecado. Foram apagados quaisquer registros de antigos rituais da Grande Mãe, até mesmo na sinagoga elas eram discriminadas, seu sangue menstrual, antes usado em rituais de alquimia devido à seu poder, passou a ser considerado impuro e perigoso, a mulher menstruada não podia ir à igreja ou tocar os homens.

Teologias

No retrato teatral que se é passado em Gênesis, a base do dualismo associa o homem à razão e ao controle e a mulher à irracionalidade e à sexualidade, que se torna a origem do pecado. Eva ao conhecer o ponto Lilith e transmitir a Adão seu reflexo, escolhe ficar ao seu lado ao invés de se render a Lilith, desde então o desdobramento da mãe soberana ocorre nesses três pontos Eva – Lilith – Maria.
A representação pura retratada em Maria recebendo a missão dada por Deus de gerar de forma imaculada aquele que veio salvar a humanidade reforça a suposição de sua virgindade livre do “ventre corrupto” das outras mulheres, porém Maria simboliza a volta do reconhecimento do sagrado na mulher. A imagem de Maria pisando na serpente simbolicamente demonstra a derrota da religião pagã da Deusa pelo cristianismo e também o domínio da Kundalini, domínio do antigo pecado, e a imagem de São Jorge cortando o dragão confere a aniquilação da Deusa pelo cristianismo.
Nos primórdios do cristianismo eram incentivadas por Jesus a presença e participação das mulheres nas cerimônias, Maria Madalena teve um papel importante na divulgação da mais nova fé, em que predominava o amor e a igualdade de todos. Mas segundo a mentalidade judaica as mulheres deveriam ser silenciadas e obedientes acatando a autoridade paterna pela transgressão de Eva, considerando-as seres inferiores.

Na simbologia de Maria existem arquétipos de elementos e títulos das Deusas da Suméria, Egito, Canaã entre outras civilizações. A imagem de Maria representa o ressurgimento camuflado do culto ao sagrado feminino. Maria representa a mãe divina, a Senhora Soberana, que vela por seu filho do nascimento à morte. Maria sobrevoa todas as perspectivas do teatro, está acima do reino binário e não é abocanhada pelas referências limitadas daquele antigo reino. Mãe de Deus, rainha dos céus, amorosa e benevolente que oferecia aos cristãos um arquétipo feminino de compaixão, amor e proteção. A partir de então muitas mulheres passaram a saudar o nome de Maria em suas práticas curativas.
A opressão patriarcal imposta pela igreja marcou a alma coletiva feminina, mas essa opressão foi suavizada por Maria, e sua manifestação se dá através do Espírito Santo.
A divina mãe virgem é representada em diversas civilizações, e o nascimento milagroso de Jesus assemelha-se ao de Deuses antigos como Dumuzi, Tammuz e Horus, vemos o Teatro Divino da vida e sua repetição dos mesmos padrões existenciais.

A espiritualidade feminina é o resgate da afirmação circular da mulher, da natureza, valorizando aspectos maternais e honrando a tríade, pois a Mãe vinda do Pai, gera o Filho. O reconhecimento da energia feminina como uma força benevolente criativa de sustentação as mulheres podem ser usados de forma a melhorar suas vidas. O retorno do ser humano às tradições circulares da Deusa vem junto ao reconhecimento da Terra e de todos como parte dela.
No séc. XX ressurgiram antigas práticas, crenças e tradições espirituais e de cura alternativa. Milhares de mulheres e cada vez mais homens de países da Europa e América, com culturas baseadas na restrição católica/ortodoxa, privados dos símbolos mais ocultos guardados a 7 chaves pelo judaísmo durante séculos da supremacia patriarcal estão agora redescobrindo sua antiga história e ressignificando seu contato com a natureza.

Estamos unindo nossas forças em nome da Verdade, junte-se a nós!

Luz pra nós irmãos!
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28 thoughts on “O Matriarcado #circuloedl

  1. Eu fui por bastante tempo evangelico e tinha alguns paradigmas em relação a Mãe Divina; nunca orava pra uma divindade feminina, só tinha aquela visão paterna de Deus. Após passar algumas revoluções internas me deparei ouvindo Ilumina Minha Mãe da Marie Gabriella, e aos prantos senti pela primeira o verdadeiro toque Materno da Divindade, foi inesquecível, daquele dia em diante passei a ver Deus com outros olhos e passei tbm a fazer orações pra minha Mãe, me aproximei mais de alguns católicos e xamanicos que plasmavam no meu teatro com varias interações, como por exemplo me mostrar musicas e projetos artísticos que louvavam e honravam a trajetória de Maria e de varias Deusas; hoje reconhecendo Pai e Mãe, reconheço tbm o filho. Luz pra nós!

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