Neurologista fala sobre sua paixão pela Cannabis medicinal

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Quando um médico fala sobre uma virada em sua vida profissional, logo se presume que a pessoa de repente, num lampejo, teve uma nova ideia e decidiu mudar os rumos de sua prática clínica. A história que quase ninguém imagina é a de um médico que, aberto ao novo, deu ouvido a seus pacientes e decidiu investir em um caminho até então pouco conhecido.

Foi essa segunda história da neurologista Natasha Consul Sgarioni. Especializada em distúrbios do movimento, a médica trilhava um caminho comum na carreira. Tratando de muitos pacientes com Parkinson, seguia sua prática de forma tradicional, cuidando dos pacientes com as terapias disponíveis e medicamentos alopáticos.

Até que alguns pacientes começaram a chegar em seu consultório perguntando sobre algo que ela não conhecia muito bem: Cannabis medicinal. “Começou a me incomodar não saber, não entender o que era, como funcionava, quais interações com medicamentos convencionais eram possíveis”, conta Consul. “Foi a partir dessa demanda que comecei a estudar.”

Sua experiência com Cannabis medicinal se iniciou em 2018, quando ainda não havia tantos cursos disponíveis sobre o assunto. Após estudar artigos, assistir aulas e trocar ideias com colegas, Consul começou a prescrever para seus pacientes.

Pouco a pouco, a médica passou a perceber os resultados. “Comecei a ver algumas melhoras em depressão, ansiedade, qualidade do sono — coisas que não conseguia com alopatia.” E o melhor: com menos efeitos colaterais. “As reações eram bem menores e muito mais bem toleradas pelos pacientes do que aquelas provocadas por medicamentos convencionais.”

Hoje, a médica tem cerca de 300 pacientes, de diversos perfis, tratados com fitocanabinoides. “Usamos para esclerose múltipla, dores crônicas Alzheimer, dores de cabeça, quase todas patologias que chegam pra mim”, comemora a médica. “Hoje sou uma completa apaixonada pelo assunto.”

O tratamento na prática

No dia a dia, a resposta positiva dos pacientes marcou a neurologista. Ela conta sobre uma paciente de 60 anos, que sofria de fibromialgia há 18 e chegou ao seu consultório relatando um nível de dor 10 na escala visual analógica. A paciente fazia uso de analgésicos opioides diariamente e vinha decidida a procurar uma alternativa. Na terceira semana de tratamento, a mulher já apresentava sensível melhora, com a dor regredindo à nota 3 na escala. “Ela voltou a fazer atividades físicas, retomou seus hobbies, e isso em muito pouco tempo e com doses bem baixas de fitocanabinoides.”

Outro caso que a neurologista recorda é o de um paciente de 68 anos com Parkinson, que apresentava muito tremor refratário e não percebia melhoras significativas com medicações convencionais. Ele optou por derivados canabinoides — um óleo full spectrum (extração que contém todos os compostos encontrados na planta) e outro de THC isolado —, e teve uma resposta motora que o permitiu retomar sua independência. “Fez muita diferença, ele voltou a comer sozinho, se barbear, escrever.”

O terceiro caso que Consul relembra é de uma idosa de 82 anos, que sofria há 10 anos com Alzheimer. Com um quadro comportamental agressivo, a mulher se negava a tomar seus remédios, não conseguia dormir, agredia familiares e cuidadores. “Ela passou por vários colegas, geriatras, psiquiatras, tentou vários medicamentos, mas o efeito era sempre o contrário, ficava cada vez mais agitada”, conta a médica.

A família procurou essa alternativa, e o resultado foi surpreendente”. Além de melhorar o comportamento — fazendo suas refeições tranquilamente, aceitando seus remédios e colaborando com seus cuidadores —, a senhora passou a interagir com a família. “Ela voltou a tricotar, conseguia arrumar a cama, conversar com a bisneta, coisas que ela não fazia há muito tempo.”

“Nosso dever como médicos é oferecer essa alternativa”

Apesar de tantas histórias inspiradoras, a neurologista faz questão de lembrar que cada caso é um caso. “Quando a gente fala, fala das histórias mais bonitas, dos que deram certo. Mas é importante lembrar que funciona para alguns, não para todos. O nosso dever como médicos é sempre oferecer essa alternativa para os pacientes.”

Na opinião de Consul, a Cannabis medicinal não precisa ser colocada em oposição ao tratamento convencional. “O melhor dos mundos é quando juntamos os dois: o que temos de mais moderno dos medicamentos alopáticos com o fitocanabinoide”.

Ainda assim, a comparação é inevitável: “A Cannabis medicinal tem menos efeitos colaterais e é melhor tolerada pelos pacientes.”

Um limitante, porém, é o difícil acesso e os custos elevados, mesmo que o cenário esteja mudando pouco a pouco nos últimos anos, com resoluções da Anvisa que facilitam a importação. “Seria importante termos mais médicos falando sobre isso, oferendo essa opção. Isso faria com que mais pessoas buscassem o tratamento com fitocanabinoides, aumentando as importações e reduzindo o preço dos medicamentos.”

Sobre o preconceito e o receio que ainda existem em parte da comunidade médica, Consul é otimista. “Hoje tem mais estudos, o assunto é abordado em congressos de especialidade. Com isso, o preconceito começa a cair.” Ainda assim, a adesão dos médicos à Cannabis medicinal ainda gira em torno de apenas 1% de todos profissionais brasileiros.

Nesse caso, Consul cobra a si mesma e seus colegas para mudar esse quadro: “Quem trabalha nessa área deve levantar a bandeira. Pelos pacientes e pelos próprios médicos. Acredito que daqui alguns anos todo mundo vai prescrever fitocanabinoides.”

Seu conselho para médicos que ainda não prescrevem a Cannabis medicinal é simples, e passa pela experiência de ouvir o outro: “Estudar, trocar experiências com colegas e ouvir os desejos dos pacientes. Hoje em dia eles querem uma alternativa menos agressiva, mais natural. É preciso sempre levar em consideração os desejos dos pacientes.”

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