Deusa Hera – Mitologia Grega

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A deusa Hera era a rainha do Olimpo, também chamada de rainha do paraíso.

O seu nome significa “senhora” e era o título da deusa-mãe toda poderosa, a virgem celeste, a soberana do céu.

Deusa do nascimento e do casamento, Hera é o símbolo, da fidelidade conjugal e da fertilidade. Protetora dos nascimentos e das mulheres no casamento, diversos templos foram erguidos em sua homenagem.

Na mitologia romana, ela é chamada de Juno. (Juno em latim) – A palavra significa a protetora, a guardiã. Na mitologia egípcia é chamada de Nunet, a Mãe dos Céus.

De físico perfeito, Hera é representada como uma mulher jovem e bonita. Numa das mãos ela segura um Romã, símbolo da fertilidade; e em outra, sustenta uma cápsula de ópio. Os símbolos associados a essa deusa eram o cetro (bastão real), o pavão, a vaca, a romã, o escorpião e a diadema (enfeite de metal decorado com joias e usado, na cabeça, pelas rainhas).

De acordo com os mitos, Hera mostrava apenas os olhos para os mortais e apresentava-se sempre com uma coroa de ouro na cabeça. Ela marcava os locais que protegia com penas de pavão (seu pássaro favorito).

Hera – Nascimento

Tudo começa quando Urano deseja casar-se com Gaia, a Terra. Com isso nascem 12 filhos, seis mulheres e seis homens – chamados de titãs.

Urano temia que algum de seus filhos tentasse roubar seu trono, então cada vez que seus filhos nasciam, Urano os colocava novamente no útero de Gaia. Ela persuadiu seus filhos a se revoltarem contra o pai. O líder foi Cronos, que, no momento em que Urano estava copulando, foi libertado e utilizou uma foice para cortar as genitálias do pai. O sangue de Urano ao cair na Terra gerou os mares, as montanhas, as florestas e as erínias, partir dos testículos lançados ao mar nasceu Afrodite. Cronos então liberta seus irmãos.

Cronos casa-se com sua irmã titânide Reia. Antes de ser destronado, Urano profetizou que assim como ele, Cronos também seria derrotado por um de seus filhos. Com isso, Cronos exige que seus filhos sejam entregues um a um para que ele os devore. A mãe entrega todos menos o último, Zeus.

Zeus foi criado longe do Olimpo, e quando cresceu ele enfrentou seu pai, obrigando-o a tomar uma bebida mágica e fazendo com que todos os seus irmãos que foram devorados voltassem a vida. Assim ele conheceu Deméter, Poseidon, Héstia, Hades e Hera.

A Deusa passou a viver na Ilha de Elbeia, onde ficou aos cuidados de Oceano e Tetis as divindades do mar e tinha as estações como suas damas de companhia.

Hera – Casamento

Zeus, após seus outros seis relacionamentos, estava apaixonado por Hera e deu um golpe de esperteza ao transformar-se em um lindo pássaro cuco para seduzi-la, o qual a deusa teria adotado como seu animalzinho de estimação. Em um dia chuvoso, a deusa concedeu àquela pequena ave abrigo entre os seios, sem saber que era Zeus disfarçado. Ela ficou completamente encantada com o pássaro mas não cedeu facilmente aos encantos do deus sedutor e demorou 300 anos para aceitar o noivado. Daí que no cimo do cetro de Hera figure um cuco, para além de que o seu matrimônio se tenha efetuado na primavera, estação anunciada pelo cuco.

Casou e se tornou uma das doze divindades do Olimpo. A despeito das inúmeras relações amorosas que teve seu marido, Hera teve a supremacia sobre todas as demais já que era considerada sua esposa legítima e por isso, os atributos dados a Zeus lhe eram também imputados.

Já após o casamento, como presente de casamento, Gaia deu a Hera algumas maçãs de ouro. A deusa achou as frutas muito belas e decidiu plantá-las em seu quintal, dando origem ao famoso Jardim das Hespérides, local de eterna primavera e símbolo de fecundidade. As maçãs douradas que nasciam nesse jardim eram fontes de juventude eterna, o qual era guardeado por este grupo de quatro ninfas.

Jardim das Hespérides

Hera – Filhos e Deusas

Dessa união, nasceram Hebe, Ares e Ilítia. Hera era mãe de Hebe, a deusa da juventude, Ares, o deus da guerra, e Ilítia, a deusa do parto.

Hera tinha fama de ser muito ciumenta, mas tinha razão para isso. Zeus teve diversas amantes! Como não podia punir seu marido, restou a ela castigar as amantes e filhos bastardos. Ló foi transformada em vaca; Calisto e o filho Arcas foram convertidos em ursos; já Lâmia teve os filhos assassinados pela deusa e foi condenada a jamais dormir, passando a devorar crianças de outras mães.

Só teve uma amante de Zeus que escapou da fúria da deusa: Maia, a mãe de Hermes e uma das sete plêiades filhas de Atlas. Hera admirava a sua beleza e simpatia.

Ló era uma das amantes de Zeus. E, em uma certa ocasião, com medo de ser pego, decidiu transformá-la em uma vaca. Desconfiada ao ver o animal, Hera quis a vaca de presente ao esposo. Como ele não poderia deixar suspeitas, atendeu ao pedido.

Hera deixou o animal aos cuidados do monstro Argos, que possuía muitos olhos. Quando dormia, sempre um dos olhos ficavam abertos, para se atentar ao que estava acontecendo ao redor.

Não suportando ver o sofrimento da amante, Zeus pediu ao seu filho Hermes que matasse o monstro. Após tocar uma música, o monstro dormiu completamente, com todos os olhos fechados. Logo em seguida, Hermes atendeu ao pedido de seu pai e o matou, dando chances para Ló fugir.

Quando soube do ocorrido, Hera ficou muito triste e, em homenagem a Argos, colocou seus olhos na cauda de seu pavão. Mesmo após a morte do monstro, Hera continuou perseguindo Ló e apenas decidiu transformá-la novamente em humana quando Zeus prometeu que jamais a trairia novamente.

Hera e Ló

Calisto (deusa) que por ter muita beleza conquistou seu marido, mas Hera para separar os dois a transformou em uma Ursa. Calisto ficou muito isolada de todos e também com medo da floresta por causa dos caçadores. Até que um dia ao reconhecer seu filho Arcas correu para abraçá-lo, mas Arcas já preparava sua lança por não reconhecer sua mãe.

Hera vendo o que aconteceria lançou um feitiço e enviou os dois para os céus que viraram constelações, a Ursa maior e a Ursa menor. Porém como Hera ainda tinha muita raiva pede para Tétis e Oceano, divindades do mar, para que não deixem descansarem em suas águas, e com isso essas duas constelações sempre ficam em círculos e nunca descem para trás das águas como as outras estrelas.

Calisto e Arcas

Lâmia foi originalmente uma rainha da Líbia, filha de Poseidon e Líbia, com quem Zeus teve relações. Hera, a transformou em monstro, abaixo da cintura, tem a forma de uma cauda de serpente e matou seus filhos e a condenou a não poder fechar os olhos de forma que sempre estivesse obsedada pela imagem dos filhos mortos.

Zeus amenizou seu sofrimento dando-lhe o poder da profecia e a capacidade de tirar e pôr os olhos quando quisesse descansar, mas Lâmia invejava as outras mães e devorava seus filhos.

Hera e Lâmia

Hermes foi aceito no Olimpo e ganhou o posto de mensageiro dos deuses, mas Hera queria uma emissária só sua. Assim adotou Íris como mensageira para assuntos particulares. Por onde Íris passa deixa seu rastro colorido, assim sabemos quando ela está a serviço da deusa.

Hermes

Outro que sempre sofreu com as perseguições de Hera foi o mais famoso dos filhos bastardos de Zeus, o herói Hércules. A deusa tentou de todas as formas acabar com o rapaz, porém nunca obteve sucesso. Após a morte do herói, Hera finalmente reconheceu seu valor e deu-lhe como esposa sua filha Hebe, a copeira dos deuses e deusa da juventude.

Uma outra curiosidade que envolve Hércules e Hera é o mito no qual a deusa adormeceu sob encantamento de Hermes. Aproveitando-se desse fato Zeus colocou o herói, ainda bebê, no seio da esposa para amamentá-lo. Hércules mordeu o bico do peito de Hera que acordou enfurecida, puxando-o com toda força e fazendo jorrar leite por todo o céu. Assim nasceu a Via Láctea.

Hera e Hércules

Ao tomar conhecimento da profecia de Gaia sobre o filho que Zeus esperava com Métis deusa da saúde e prudência, na qual nasceria Athena, Hera decidiu conceber um filho sozinha – Hefesto – Ao nascer, o deus, além de deficiente era considerado muito feio pelos pais, o que fez com que ele fosse rejeitado. Logo foi arremessado do monte Olimpo. Durante o tempo que permaneceu fora, ele aprendeu a forjar e a lidar com os metais.

Quando adulto, como vingança ofereceu um trono mágico dourado com correntes invisíveis a sua mãe, mas, para o azar dela, ao sentar-se ficou grudada ao assento durante muitos dias. Ele só colocou um fim no encantamento após ser embriagado por Dionísio e ser concedido sua volta ao Olimpo além da promessa de ter Afrodite como esposa.

Hera e Hefesto

Quando Athena nasceu, todo o Olimpo falava da sua beleza e da sua sabedoria. Todas as reverências foram dadas a Zeus por ter concebido tão formosa e guerreira filha. Ao ver Athena, Hera ficou chateada e deixada de lado. Não suportava a idéia do marido ter concebido tão bela filha sem a sua participação. Desde o nascimento da filha, que Zeus tornara-se um pai zeloso, cheio de empáfia por sua obra.

Em um outro mito, Hera convence alguns deuses do Olimpo a se rebelarem contra seu marido e juntos conseguem acorrentar mãos e pés de Zeus prendendo-o no interior de uma nuvem. A deusa ficou apavorada ao ver o poderoso marido em cólera libertando-se em poucos segundos. Rapidamente ela pediu emprestado o cinto mágico de Afrodite, que tinha o poder do amor. Só assim Zeus acalmou-se e a perdoou.

Na lenda da Guerra de Tróia, Hera foi uma das deusas que disputaram o concurso de beleza julgado por Páris. O príncipe troiano ficou incumbido de decidir qual das três era a mais bonita: Hera, Athena ou Afrodite. A primeira prometeu o domínio da Europa e Ásia. A segunda prometeu glória nas batalhas e sabedoria eterna. Já a terceira ofereceu a mulher mais linda do mundo, Helena. A vencedora foi Afrodite e como sabemos, o romance entre Páris e Helena deu origem à Guerra de Tróia.

As Três Marias – Hera – Athena – Afrodite

Hera – Templo

Na Grécia, a deusa Hera teve sete templos. O mais admirado era de Olímpia, onde havia uma estátua representativa, juntamente com a de Zeus guerreiro. Nesse santuário, o marido tinha um destaque menor, afinal, ela era o símbolo principal.
Hera renovava anualmente a sua virgindade banhando-se na fonte Cânata, perto de Argos, local consagrado especialmente a ela. Assim, vemos que ela traz em si o arquétipo da eterna renovação, semelhante ao ciclo da Lua em suas fases. Através deste ato, ela une o ciclo lunar, o ciclo menstrual e o ciclo anual da vegetação.