Ensino em escolas púbicas do Piauí é elogiado e destacado em reportagem da BBC Brasil, El País e UOL

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Os problemas da educação brasileira são conhecidos. Há muitos anos o sistema educacional do país opera em uma engrenagem onde a baixa remuneração atrai profissionais mal capacitados para escolas sem infraestrutura adequada, produto de investimentos públicos insuficientes, que oferecem um currículo sem conexão com a realidade, e entregam para a sociedade o fracasso escolar.

Reformular esta engrenagem não é uma tarefa fácil. Oeiras, a cidade do sertão do Piauí que em sete anos conseguiu saltar nos indicadores de educação, passou por um processo que os próprios educadores chamam de “intervenção de educação”, em que várias práticas inovadoras foram implementadas para melhorar a qualidade do ensino, considerado como um “doente na UTI”, de forma rápida e eficaz.

Escola da família, para toda a família

“Educação: De quem é a bola? Dos pais ou da escola?” Este é um dos temas dos cinco encontros anuais que as escolas promovem com os pais. A tradicional reunião bimestral “para falar mal dos estudantes”, e tão odiada pelos pais, foi abolida na rede de Oeiras. Segundo Tiana Tapety, secretária de educação da rede municipal de Oeiras, o tempo da escola de falar com os pais e o tipo de relacionamento que constroem é diferente. Na primeira reunião, os pais recebem um informe pedagógico com o resumo das atividades mais importantes do ano e seus objetivos. “Conversamos com os pais o tempo todo”, conta.

O objetivo é formar um elo e estimular os pais a participarem do processo de aprendizagem de seus filhos como parceiros. São nessas reuniões que a rede explica como funciona a escola, o que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e discute temas que ajudam no desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos. Trata-se de aptidões emocionais de cada pessoa, como resiliência, tolerância, perseverança consideradas fundamentais para preparar os estudantes para os desafios deste século. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), referência para a construção de currículos de todas as escolas do país, foi constituída com base em dez competências gerais a serem desenvolvidas nas escolas como pensamento científico, crítico e criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, empatia e cooperação e responsabilidade e cidadania.

O desenvolvimento destas competências dependem do trabalho junto à família. Tapety conta que muitas crianças de Oeiras vivem em situação de extrema vulnerabilidade, onde há carência de tudo, inclusive de afetividade. “Na escola, as recebemos com abraço e carinho, que muitas vezes elas não têm em casa”, lembra a secretária. Dentre os temas trabalhados neste ano também estão: Conflitos na escola: espelho da sociedade, e Quem ama cuida.

“Escola da Família é o momento em que o pai aprende. É formação”, afirma Tapety. Ao colocar o pais na posição de aluno, a escola trabalha com um modelo de acolhida, assim como é feito no começo de cada dia letivo, quando as crianças são reunidas no pátio para recados, abraços, comemorações de aniversário, por exemplo. “Eles dividem as dúvidas, entendem as dificuldades dos alunos e percebem que as angústias que eles têm são as mesmas de outros pais”, explica Tapety.

Arte para desenvolver habilidades do futuro

Se a alfabetização é a base de todo o trabalho em Oeiras, é a arte que faz a ponte entre os saberes. “A arte é transversal em todas as nossas atividades”, afirma Tiana Tapety. As escolas têm núcleos de cultura onde estão disponíveis diversas aulas, como os cursos de bandolim, um saber tradicional da região, que foi resgatado pela rede de educação. A aposta de Oeiras está em linha com pesquisas internacionais que mostram que a arte é o caminho para o desenvolvimento da criatividade e pensamento crítico – habilidades consideradas essenciais para garantir empregabilidade no futuro.

O ponto alto das atividades é a Feira Literária de Oeiras (FLOR), que finaliza o ano letivo do projeto “Aprendendo com…”, que este ano homenageou a escritora Roseana Murray. O projeto de incentivo à leitura começou em 2013, com o trabalho com as obra de Monteiro Lobato. Desde então foram homenageados Ziraldo, Mauricio de Sousa, Ruth Rocha e Cineas Santos. Em 2019, a cidade vai trabalhar com as obras de Ilan Brenman, um dos autores mais importantes da literatura infanto-juvenil brasileira.

A maior preocupação de Tiana Tapety é ampliar as atividades de cultura para todas as escolas, e garantir equidade na zona rural. Para tal, optou por fazer ações controversas, como o projeto de nucleamento de escolas, que, na prática, significa fechar as unidades com poucos alunos em locais de difícil acesso e que não atraem professores. Muitas destas escolas estavam em áreas de remanescentes de quilombos e assentamentos e a 80 km do centro da cidade. A rede tinha 77 escolas em 2013, passou para 29. Não sem críticas. “Muitos pais não aceitavam, pois os filhos teriam que pegar transporte para ir à outras escolas. Mas com o tempo eles entenderam que com o nucleamento podíamos oferecer condições melhores”, conta.

Nem todas as escolas têm núcleos de cultura, mas atividades literárias estão ao acesso de todos. Aliás, todas as atividades artísticas são arcadas pela Prefeitura de Oeiras, inclusive roupas e figurinos. “Tive estudante com medo de se inscrever em cursos pois os pais não teriam dinheiro de pagar nem uma presilha de cabelo. Por isso, para dar acesso igual a todos, compramos até a presilha”, afirma Tapety.

 

 

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