Umeboshi – Para que serve a Ameixa Japonesa Salgada?

Cássia 16
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A cultura culinária japonesa é mestra na arte de manter a saúde pelo alimento – para tal eles usam e abusam dos fermentados de todo tipo. Nesse rol está o umeboshi, chamado também de ameixa japonesa em conserva. Seca fermentada em sal marinho para acompanhar todas as refeições.

 

 

Apesar do nome, não são ameixas. Umê é damasco e os umeboshi são feitos das frutas da planta Prunus mume, um damasco de origem japonesa bastante parecido com suas primas irmãs, as ameixas.

Apesar da origem chinesa, a ume se popularizou no Japão, onde é bastante cultivada desde o século 14. Na terra nipônica aparece em diversos pratos, principalmente acompanhando uma especialidade local: o arroz. Não há uma determinação correta da chegada dessa fruta à “Terra do Sol Nascente”, mas existem registros históricos do século 8 citando a planta.

Foi pela mão dos imigrantes japoneses que a ume chegou ao Brasil, mas a adaptação do umezeiro não aconteceu de imediato. A planta estranhou o clima mais quente do País. Acredita-se que na década de 60 uma variedade de Taiwan demonstrou bons resultados em plantações no interior de São Paulo, originando frutos um pouco maiores.

A divulgação da cultura oriental no Brasil ajudou a difundir o consumo da ume. Mas a fruta tornou-se mais popular com a dieta macrobiótica, na qual tem atuação importante.

Para se fazer os umeboshi é preciso de paciência já que a sua fermentação em sal marinho tarda, no mínimo, dois anos.

”Uma alimentação rica em hidratos de carbono e escassa em proteínas animais também favorece o desenvolvimento dos lactobacilos. É bem sabido que, quando um cereal ou um vegetal se corrompem, fermentam, mas, em contrapartida, quando se corrompe um produto animal, este acaba por apodrecer. A fermentação equivale a uma pré-digestão dos alimentos, que os transforma em substâncias de assimilação mais fácil. O amido, por exemplo, transforma-se em maltose e em glicose, a qual, por sua vez, se transforma em ácido láctico”, dizem os nutricionistas.

 

BENEFÍCIOS

O umeboshi tem sabor ácido-salgado naquele estilo agridoce que os molhos orientais podem ter e combina, sem se impor, com qualquer tipo de alimento.

A indicação geral é de que se coma, comedidamente, umeboshi no café-da-manhã, almoço e jantar para ajudar a digestão, melhorar a assimilação dos nutrientes e a desintoxicação do organismo.

Mas, para além desses benefícios digestivos, o umeboshi tem ação antibiótica e antisséptica, energizante e antioxidante.

Especialmente se recomenda o uso do umeboshi em casos de:

  • falta de apetite, diarreia, obstipação e náuseas
  • intoxicação alimentar ou medicamentosa
  • resfriados e gripes
  • estresse, fadiga física e mental

Com o consumo rotineiro de umeboshi você vai beneficiar, principalmente, o seu fígado, vesícula biliar, rins e bexiga mas também obterá importantes quantidades de minerais alcalinos como ferro, cálcio e magnésio.

Segundo alguns locais, o consumo de umeboshi ajuda na alcalinização do sangue e do nosso organismo também.

 

AS RESTRIÇÕES

Não se recomenda o consumo de umeboshi a grávidas, lactantes e bebês pelo seu elevado conteúdo de sal.

Algumas pessoas desaconselham seu consumo aos hipertensos, aos que sofrem de acidez estomacal e aos que sofrem de candidíase.

 

File:Umeboshi 01.jpg - Wikimedia Commons

 

COMO PREPARAR O UMEBOSHI

Receita de Tatiana de Oliveira Rocha. Você precisará de:

  • Umes (Prunus mumes)
  • Folhas de shissô (Perilla frutescens var. japonica)
  • Sal
Modo de preparo:
  1. Lave e seque as frutas e deixe-as em uma bacia com sal (a quantidade de sal a ser usada variará de 10 a 15% do peso das frutas)
  2. Prense as frutas no sal com uma tábua – sairá bastante líquido portanto, tenha espaço na vasilha para este
  3. Deixe as umes prensadas por um mês inteiro
  4. Após esse tempo, acrescente as folhas de shissô amassadas e trituradas, bem misturadas na conserva
  5. Coloque toda a conserva em um vidro com tampa, em local escuro, por um ano, no mínimo (algumas receitas indicam 2 anos – a diferença ocorre por conta da temperatura ambiente que acelera ou retarda o processo de fermentação).
  6. Experimente comer o seu umeboshi (uma só por refeição é suficiente) picadinha e misturada com o arroz.

 

CURIOSIDADES

No prato típico japonês hinomaru bento, a umeboshi recebe papel de destaque. Ele é preparado colocando o arroz cozido em uma tigela com uma umeboshi ao centro. O resultado é uma imagem semelhante à bandeira japonesa.

Há um antigo provérbio japonês que diz: “Uma umeboshi por dia e chegamos aos cem anos de vida”. A ume também é utilizada para fazer refeições doces, como refrescos, sorvetes e geleias. Um exemplo é o umeshu, licor feito com os frutos maduros.

Essa pequena ameixa parece ser bastante inspiradora para os artistas. No Japão a palavra ume aparece em uma antiga obra poética, Kaifuusou, do ano 751. Também é citada nos versos de Man’yôshû, de 760. Por aqui, o adepto da macrobiótica, cantor e compositor Gilberto Gil, compôs na década de 70 a música umeboshi, onde exalta “umeboshi cura qualquer saúde, umeboshi cura qualquer doença”.

Fonte

 

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