A História e simbologia das máscaras Africanas

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As máscaras africanas são elementos culturais de extrema importância para os diversos povos que integram a África, sobretudo para os países da região subsaariana, localizada ao sul do deserto do Saara.

São muitos os tipos, significados, usos e materiais que compõem essas peças, sendo que um mesmo povo pode ter várias máscaras diferentes.

Esses objetos fazem parte da enorme riqueza do continente africano, e ficaram conhecidos no Ocidente, em grande parte, por conta das vanguardas artísticas europeias. Alguns artistas dessas correntes passaram a integrar referências claras da arte africana em suas próprias obras.

máscaras da áfrica
Diversos exemplares de máscaras africanas

As máscaras africanas e os rituais

Apesar de serem reconhecidas como objetos artísticos, as máscaras africanas, na realidade, representam muito mais do que meros adereços para as populações que as utilizam. Elas são símbolos ritualísticos que têm o poder de aproximar as pessoas da espiritualidade.

Essas peças são produzidas como instrumentos essenciais em diversos ritos, como rituais de iniciação, nascimentos, funerais, celebrações, casamentos, curas de doentes e outras ocasiões importantes.

Em geral, os rituais contam também com música e dança, além de vestimentas próprias. É criada uma atmosfera “mágica” a fim de transformar os participantes que vestem as máscaras em representações de antepassados, espíritos, animais e deuses.

Tipos e significados das máscaras africanas

As máscaras africanas possuem significados diferentes umas das outras, dependendo da ocasião, da cultura e do povo que as utiliza.

Algumas têm formas abstratas com padrões geométricos, como é o caso das peças usadas pelo povo Bwa, localizado em Burkina Faso. Para eles, esse tipo de adereço é relacionado diretamente com os espíritos da floresta, seres invisíveis.

Já o povo Senufo, da Costa do Marfim, possui máscaras que valorizam a paciência e o pacifismo, expressos pelos olhos semicerrados.

máscaras da áfrica
À esquerda, máscara do povo Bwa. À direita, máscara da etnia Senufo

Diferente deles, os Grebo, também da Costa do Marfim, usam máscaras que exibem olhos bem abertos e redondos. Esse tipo de olhar se relaciona a um estado de atenção e atitude raivosa.

Há também as máscaras que atuam como símbolos de animais, trazendo à tona as características desses bichos, como a força do búfalo, por exemplo.

Algumas culturas se utilizam ainda de representações femininas em suas máscaras, como é caso da cultura Punu, no Gabão, do povo Baga, de Guiné-Bissau e dos Idia, em Benin.

máscaras da áfrica
À esquerda, máscara do povo Grebo (Costa do Marfim). À direita, máscara Punu (Gabão)

 Outro tema comum das máscaras africanas é o rosto feminino. As máscaras africanas femininas dos Punu, do Gabão, por exemplo, têm olhos amendoados, sobrancelhas finas e arqueadas, nariz e queixo finos, maçãs do rosto salientes e trazem a pele embranquecida com caolin.  Já as máscaras africanas femininas do povo Baga, de Guiné-Bissau, tem escariações no rosto, nariz grande e seios caídos.

Uma das representações mais conhecidas da beleza feminina é a Idia, máscara africana de Benin, feita de latão. Acredita-se ter sido encomendada pelo obá Esigie (c.1516-c.1550) em memória de sua mãe. Para honrar sua mãe, uma rainha-guerreira grande estrategista militar e conselheira política, o rei usava a máscara em seu quadril durante cerimônias especiais.

Da esquerda para a direita: máscara Punu, do Gabão; máscara D’mba ou Nimba, arte Baga, de Guiné Bissau, vestida durante as cerimônia agrícolas, representação da mãe da fertilidade e protetora das mulheres grávidas.

 Máscaras africanas de antepassados

A veneração dos antepassados é um elemento fundamental da maioria das culturas africanas tradicionais e, por isso, também eles são temas para máscaras. Um exemplo bem conhecido é a máscara africana Pwo Mwana (literalmente “mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática do Congo, que mistura elementos referentes à beleza feminina (face oval bem proporcionada, nariz e queixo pequeno) e outros referentes à morte (olhos afundados e fechados, pele rachada e lágrimas simbolizando a dor da morte). Representam um ancestral feminino que morreu jovem e é venerada em rituais associados à fertilidade.

Os dançarinos Pwo Mwana  dançam de forma elegante e graciosa e usam trajes e adereços femininos. Há também máscaras ancestrais relacionadas a pessoas notáveis, históricas ou míticas. O povo Kuba, da República Democrática do Congo, reverencia seu lendário fundador Woot com a máscara  africana mwaash ambooy, e a sua linda esposa Mweel com a máscara africana ngady anwaash.

As máscaras africanas trazem um padrão de triângulos brancos e pretos pintados no rosto e são ricamente decoradas com búzios e miçangas coloridas. A feminina tem linhas diagonais nas bochechas representando lágrimas.

Máscara 1 e 2: Pwo Mwana (“mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática do Congo. Máscara 3 e 4: do povo Kuba, República Democrática do Congo.

Estilos e materiais de confecção das máscaras africanas

O artesão que cria a máscara africana tem um estatuto especial na sua comunidade. Em geral, essa arte é passada de pai para filho, juntamente com o conhecimento dos significados simbólicos transmitidos por essas máscaras. Antes de começar a entalhar, o artesão realiza uma série de rituais na floresta, onde normalmente desenvolve o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara africana no rosto.

A máscara era criada com liberdade, de forma intuitiva, dispensando rascunho. A madeira era modelada usando uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa. Em geral, o material mais utilizado é a madeira e o couro mas existem também, máscaras africanas de tecido, marfim, cerâmica, cobre e bronze.

Algumas têm cabelos de fibras naturais outras tem chifres ou cristas. Há máscaras africanas pintadas, outras são decoradas com miçangas, penas, dentes, sementes ou búzios. As máscaras africanas podem ser usadas de quatro maneiras diferentes: cobrindo verticalmente o rosto, como capacetes envolvendo toda a cabeça, como crista ou chapéu no alto da cabeça (que era comumente coberta por material como parte do disfarce) ou penduradas no peito ou quadril.

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9 thoughts on “A História e simbologia das máscaras Africanas

  1. Maravilhosas e realmente são carregadas de cultura espiritualidade.
    Tenho o privilégio de comercializar máscaras da cultura Wolof, é um povo que sinto uma conexão muito forte, Deus sabe.
    Grata pela matéria. Luz p’ra nós 🙏🏾

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