Xilogravura no Brasil: Arte milenar

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A arte em xilogravura começou a popularizar no Brasil e ganhar status de arte entre as décadas de 60 e 70, quando estudiosos e pesquisadores passaram publicar álbuns e trabalhos acadêmicos sobre o tema. Arte trazida pelos portugueses, ensinada aos índios e desde então tem se multiplicado, assumido novas formas e contado a história de um povo cheio de imaginação e de cultura.

Arte milenar, a xilogravura tem grande representatividade e conta com talentos expressivos no Brasil. Oswaldo Goeldi, Tarsila do Amaral, José Costa Leite, Antônio Lino, Abraão Batista, Walderêdo Gonçalves e Gilvan Samico estão entre os principais xilógrafos do Brasil. Além dos grandes nomes que representam essa técnica, a cidade de Campos do Jordão, em São Paulo, abriga uma instituição totalmente dedicada à modalidade: o Museu Casa da Xilogravura.

(Obra de arte J. Borges)

De acordo com informações do Museu Casa da Xilogravura, a palavra “xilogravura” é composta por “xilon” (madeira) e por “grafo” (escrever), do Grego – “Xilon” significa “madeira” e “grafo” é “gravar”, ou “escrever”. Xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira. Pode-se dizer que é um processo de impressão com o uso de um carimbo de madeira. Já o Dicionário Larousse define a técnica como “gravura obtida pelo processo da xilografia”. Está última é a “arte de gravar em madeira”, ou a “técnica de impressão em que o desenho é entalhado com goiva, formão, faca ou buril em uma chapa de madeira”.

A arte da xilogravura é realizada em três etapas. Trata-se de um processo bastante minucioso, que requer atenção, habilidade e alto detalhamento. Confira a seguir o passo a passo.

  1. Utilizando a madeira, o artista esculpe uma figura com instrumentos com lâminas afiadas, chamados de goivas. Com elas, os materiais de áreas que não passarão pelo processo de impressão são removidos. Nessa etapa é preciso ter muito cuidado ao cortar as linhas, pois a madeira pode quebrar e a imagem pode ser danificada.  Qualquer erro, o artista terá que retornar ao início do processo;
  2. Assim, cobre-se com tinta o bloco de madeira entalhada já criado. Isso é feito por meio de pequenos rolos. Logo, é preciso muita delicadeza para aplicar a tinta somente nos espaços que não forem cortados;
  3. Nessa fase, o bloco com tinta é pressionado na superfície desejada e, assim, a impressão da imagem é realizada.

A xilogravura em papel mais antiga, dentre as conhecidas, ilustra um exemplar da oração budista Sutra do Diamante, editada por Wang Chieh, na China, por volta do ano 868. Acredita-se, porém, que a xilografia do Extremo Oriente já estampasse tecidos séculos antes, com origem da Índia.

Na Europa, a xilogravura é a técnica mais antiga usada para impressões, desenvolvendo-se por volta de 1400, usando, no papel, técnicas já existentes. Uma das mais antigas xilogravuras no papel que pode ser vista hoje é A Madona do Fogo (Madonna del Fuoco, em italiano), na Catedral de Forlì, na Itália, representando Nossa senhora com o menino Jesus.

Nos séculos 14 e 15, os europeus utilizaram intensamente a xilografia para produzir imagens sacras (santinhos) e cartas de baralho. Perdendo sua função utilitária, a gravura com madeira conheceu, entretanto, uma magnífica transformação, mais especificamente no campo artístico. Artistas plásticos utilizaram a liberdade criativa para ilustrar textos de veículos de comunicação, evidenciando os contrastes entre branco e preto.

Enquanto a xilogravura de reprodução foi ficando ultrapassada, surgiu a “xilogravura artística libertada”, que teve como seus pilares iniciais o brasileiro Oswaldo Goeldi (1895-1961) e o lituano Lasar Segall (1891-1957). As décadas seguintes foram de extrema importância na consolidação dessa linguagem no Brasil, com o crescimento do número de artistas originários das oficinas tipográficas vinculadas à literatura de cordel, cujas raízes derivam dos contadores nordestinos.

A Funarte já sediou uma mostra composta por obras de xilogravura, em sua regional de São Paulo. A exposição Bestiário Nordestino ocupou a Galeria Flávio de Carvalho, no Complexo Cultural Funarte SP, entre outubro e novembro de 2018. O projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte Conexão Circulação Artes Visuais – Galerias Funarte de Artes Visuais São Paulo. A mostra teve a curadoria dos artistas Rafael Limaverde e Marquinhos Abu e reuniu imagens que resgatavam a história e o imaginário do povo do Nordeste.

O Museu Casa da Xilogravura, dedicado exclusivamente para a difusão da técnica e preservação da linguagem, fica na cidade de Campos do Jordão (SP). A instituição, inaugurada em 1987, conta com milhares de obras de mais de mil gravadores. Promove palestras, encontros, cursos e outros eventos culturais, além de oferecer atelier xilográfico, oficina tipográfica e biblioteca especializada no tema.

(Obra de arte Gilvan Samico).

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