A cabra mais famosa da história de Boston chamava-se Skellig Mör. Durante o início dos anos 1900, o nome de Skellig Mör apareceu nas manchetes enquanto se seguia uma árdua batalha legal por sua custódia. A famosa cabra nasceu em Killorglin, uma cidade no condado de Kerry, na Irlanda. Antes de ser comprado pelos americanos e levado para o exterior, para Boston, Skellig Mör foi apelidado de rei na Puck Fair anual, uma das tradições mais antigas da Irlanda, na qual um grupo de indivíduos sobe uma cordilheira, captura um dos mamíferos com chifres e coroa o escolheu um ‘Rei Puck’. Rei e entidade simbólica, a ausência de Skellig Mör fez aumentar as tensões, levando questões de propriedade aos tribunais.
Eventualmente, a decisão decidiu que Skellig Mör permaneceria sob custódia dos EUA, e ele viveu o resto dos seus dias a bordo de um navio de guerra chamado USS Vermont. A infeliz morte da cabra ocorreu no mesmo ano em que ele foi entregue à tripulação americana, gerando mais uma vez uma cobertura noticiosa que revelou que o corpo da cabra foi finalmente empalhado e exibido em um museu de Boston. Na mais recente exposição individual de Duke Riley, intitulada The Repatriation of King Skellig Mör, o artista explora esta curiosa relação entre animais e natureza, poder institucional e propriedade.
Cultivando seu fascínio contínuo pela história e pelo folclore, juntamente com o impacto cultural e a destruição ambiental, Riley cria camadas visuais para contar uma história reinventada. Seguindo o exemplo de seu trabalho anterior , o artista reaproveita garrafas e recipientes de produtos domésticos comuns. Ao pintar e esculpir nesses materiais, Riley transforma completamente os suprimentos domésticos em relíquias aparentemente de arquivo, com conotações de narrativas históricas e contemporâneas.
A Repatriação do Rei Skellig Mör apresenta não apenas as elogiadas iterações de marfim de Riley e mosaicos monumentais montados a partir de peças vibrantes de lixo plástico, mas também apresenta novos empreendimentos materiais. As esculturas em “vidro rubi” do artista evocam o início dos anos 1900, quando o material era amplamente vendido em pontos turísticos na forma de souvenirs e lembranças. O texto da exposição afirma que Riley “usa a nostalgia deste material para ligar os pontos” entre os momentos sociais e de guerra na história americana.
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