Katharina Grosse transformou um antigo edifício ferroviário em Berlim através da pintura

Cássia 15
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A artista alemã Katharina Grosse fez uso da pintura para criar uma nova espacialidade no antigo prédio em Berlim, propondo uma visão completamente diferente do espaço pelo público.

 

 

Aos 59 anos de idade, Katharina conta com uma vasta experiência na arte. Suas obras são resultado do imediato, do que ela sente ao acionar o compressor e gerar manchas aleatórias pela tela, pelo tecido ou pelo espaço no qual está trabalhando. Nenhuma superfície intimida a artista.

 

 

“O processo de pintura é uma coincidência entre pensar e agir”, disse ela ao Artnet. “É o fluxo contínuo da inteligência visual constituindo a realidade a cada momento”, conclui.

 

 

Nascida no interior da Alemanha, ela começou a pintar desde muito jovem, e sempre demonstrou interesse pela relação entre a cor, a luz e o seu próprio pensamento.

 

 

Ela estudou na Academia de Belas Artes de Münster e Düsseldorf, na Alemanha, e atua como artista visual desde 1995.

 

 

Atualmente vive e trabalha entre as cidades de Düsseldorf e Berlim, no seu país de origem, e defende que a pintura não é um sistema fechado, mas sim uma janela, um modo de pensar, ou até algo além disso. Ainda diz que seu trabalho é inspirado em afrescos, no Expressionismo Abstrato e na arte do grafite.

 

 

KATHARINA GROSSE E A PINTURA

Em suas primeiras obras, a alemã aplica sobre a tela diversas cores, com várias densidades, umas mais transparentes, outras menos, em pinceladas verticais. A técnica logo evoluiu para a aplicação direta sobre paredes, já ocupando áreas relativamente grandes, como corredores e escadas.

 

 

No final dos anos 90 ela adotou o compressor como uma de suas ferramentas de trabalho, e começou a pintar interiores e exteriores arquitetônicos. Seu primeiro trabalho utilizando tinta em spray foi apresentado na Suíça, em 1998, e consistia em uma forma retangular verde pintada em parte de uma parede de uma galeria. A forma se estendia ao teto e à parede ao lado.

 

 

Segundo a artista, não há distinções entre pintura, escultura e arquitetura. Além de pintar sobre telas e superfícies diversas, como edifícios e árvores, ela também cria grandes esculturas de poliuretano, que é uma espécie de espuma, isopor e metal fundido, que servem como suporte para receber suas intervenções com tinta.

 

 

Entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000, Katharina Grosse combinou seus traços de trabalhos anteriores com formas semelhantes a nuvens e névoas, possibilitadas pela pistola de pulverização. As pinturas in loco expandiram sua escala e permitiram um preenchimento maior dos espaços.

 

 

Ao longo de 25 anos dedicados à arte, as peças de Grosse foram incorporadas em diversas coleções ao redor do mundo, como a do Centre Pompidou em Paris, no Kunsthaus em Zurique e no Museu de Arte Moderna de Nova York, por exemplo.

 

 

INTERVENÇÃO EM BERLIM

Em exibição no Museu de Arte Contemporânea Hamburger Bahnhof, em Berlim, a intervenção intitulada “It Wasn’t Us” está aberta para visitação até janeiro de 2021. Ela tem caráter de site specific, que é quando uma obra é concebida levando em consideração seu local de instalação.

 

 

A montagem começou em março e durou até junho de 2020, quando a exposição foi aberta ao público. A obra é constituída majoritariamente por estruturas de isopor e tinta acrílica.

 

 

O projeto ocupa o salão do antigo edifício ferroviário, que hoje faz parte da Galeria Nacional de Berlim, assim como os jardins atrás do museu e sua fachada. Segundo o Designboom, a pintura efêmera pretende “conectar perfeitamente o interior da instituição e o exterior, transformando o local em um novo espaço de imaginação e possibilidade”.

 

 

A pintura desconsidera os limites do espaço do museu com um gesto grandioso e colorido que se relaciona com a arquitetura existente. “Pintei meu caminho para fora do prédio”, comenta a artista.

 

 

Nesse projeto ela também utiliza tinta acrílica aplicada com o uso do compressor: “O compressor expande o alcance do meu corpo e torna muito fácil me mover sobre as superfícies ou pintar em circunstâncias difíceis. Já que não estou tocando a superfície, posso me mover muito mais rapidamente do que faria com um pincel”, ela diz.

 

 

Ela reúne cores e formas, ambientes naturais e artificiais e convida os visitantes a fazerem parte da obra. A escala muda continuamente, dependendo da posição do visitante. Consequentemente, à medida que o observador se move pelo lugar, novas espacialidades vão surgindo.

 

 

No vídeo abaixo é possível ter uma ideia da dimensão da intervenção enquanto somos levados a um passeio pelo espaço junto com a artista.

 

Fonte

 

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