Saber de onde viemos é o primeiro passo para levar adiante a nossa história. É nisso que a professora indígena, Marlene Rodrigues, fez ao resgatar a cultura terena para as crianças da aldeia Aldeia Babaçu, em Miranda (MS).
Por meio da dança, do artesanato e da música, Marlene desenvolve o Sons da Aldeia, em parceria com o Ipedi (Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural). Desde 2015, o projeto oferece as atividades às crianças no período extraclasse, na escola municipal José Balbino.
Marlene conta que as músicas tradicionais, tocadas com flautas, tambores e maracás, sempre foram bastante presentes em sua comunidade. Porém, com o tempo, foram substituídas por músicas tocadas em caixas de som.
“Senti que nossa música estava sendo extinta aqui dentro, até mesmo sem os nossos instrumentos musicais”, conta a professora.
Foi aí que surgiu a ideia do Sons da Aldeia. Através dele, Marlene e outros professores, começaram a confeccionar instrumentos, cerâmicas, enfeites e comidas típicas.
Com o apoio de todos os lados – da comunidade, dos pais e dos próprios alunos – o Sons da Aldeia deixou de ser uma ideia. “Os próprios pais e artesãos da comunidade também participam ativamente das oficinas”, narra.
“As crianças ficaram felizes, desenvolvemos equipes de danças para homens e também para mulheres, além de artesãos que se apresentaram para diversos visitantes do país”.
Marlene reforça a importância de preservar a cultura terena, a facilidade com que as crianças e jovens da aldeia são expostos a influências culturais de fora.
“Tudo conspira para que as crianças e jovens não valorizem a própria cultura. A escola tem esse papel de trazer de volta essas tradições importantes”, pontua.
Herança
Mãe da indiazinha Aymu Vitória, Natália Rodrigues tem orgulho em falar sobre o interesse da filha pela herança deixada pelos povos originários.
“Desde pequena ela tem esse interesse em estar envolvida nas atividades dentro da comunidade. Antes da pandemia, principalmente, estava sempre envolvida na dança, fazendo colares e pulseiras”, diz.
“A gente veio perdendo nossa cultura, de, inclusive, não ser tratado como indígena fora da aldeia. Com os aprendizados, as crianças crescem preservando a nossa cultura”, conclui a artesã.
Projeto lindo, não é mesmo? Daqui, tentamos imaginar o som dos instrumentos e o aroma e sabor da comida do povo terena.
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