Quando era criança, Márcia de Jesus cresceu vendo as princesas da Disney e tendo como referência Xuxa e suas Paquitas.
Negra, ela conta que nunca se sentiu representada pelas bonecas que brincava nem pelos desenhos animados que assistia. Hoje com 45 anos, a mãe de Valentina, 8, decidiu que era necessário empoderar a filha para que ela amasse desde cedo o seu cabelo, a cor da sua pele e as suas origens.
Tudo começou quando comprou para a menina uma mochila que tinha uma boneca negra pendurada. “Ela ficou tão feliz com aquilo e isso me tocou muito.” Era começo de 2020, quando resolveu criar produtos semelhantes com os quais as pessoas negras pudessem se sentir representadas.
“Comecei com chinelos com estampas afro, depois passei para canecas, moletons e vestidos. Cheguei a participar de uma feira, mas logo veio a pandemia e tive que recorrer aos grupos virtuais e feiras on-line para vender”, conta Márcia, que também é cabeleireira especializada em cabelos cacheados e afros.
Os produtos tiveram tanta aceitação que ela resolveu encontrar um nicho que até então não era explorado: o de roupas de cama infantis e toalhas com estampas de personagens negros.
O quarto da filha foi outro laboratório de teste. “Fiz colcha, fronha e lençol da Black Princess e foi muito bacana ver a reação dela. A representatividade e a aceitação devem começar dentro da própria casa. O quarto da criança é o seu cantinho e precisa ter a cara dela”, afirma Márcia.
Mãe solo e moradora da zona leste de São Paulo, Márcia sente que a principal dificuldade para empreender é ter educação financeira para tocar e escalar seu negócio.
“Eu faço tudo sozinha. Compro as estampas, vou despachar as encomendas nos Correios, posto nas redes sociais, falo com os clientes, enfim, é bem difícil”, diz a dona da marca Pretapretin.
Ela conta que tem dificuldades para precificar, criar um fluxo de caixa e cobrar pela mão de obra e horas trabalhadas.
Por isso, está empolgada por ter sido uma das empreendedoras selecionada pelo Afrolab Preta Poupa, um programa de educação financeira para empreendedores negros e indígenas feito, parceria de XP Inc. e PretaHub.
A ideia é apoiar e impulsionar os negócios e ensinar sobre educação financeira para afroempreendedores. Ao todo, serão cem participantes de todo o país que vão ter uma jornada de aceleração que inclui uma imersão de seis dias e um ciclo de mentorias.
Os interessados podem se inscrever até 31 de julho. As inscrições são feitas clicando aqui.
“Muitas foram apartadas do mercado formal e no empreendedorismo elas enfrentam muitas dificuldades com uma carga de trabalho maior, ganhando menos e tendo uma cobrança da clientela para entregar o máximo, exigindo um grau maior de perfeccionismo, Adriana Barbosa, CEO da Preta Hub”
“As dificuldades para empreender passam por muitos fatores, entre eles, a falta de educação empreendedora, do acesso à tecnologia e ao crédito. Esses problemas são estruturantes e dificultam muito prosperar nos negócios”, explica Adriana Barbosa, CEO da Preta Hub e fundadora da Feira Preta.
Segundo a empreendedora social premiada, por conta das nossas raízes escravocratas, as mulheres negras enfrentam ainda mais dificuldades para empreender e muitas o fazem por falta de opção.
“Muitas foram apartadas do mercado formal e no empreendedorismo elas enfrentam muitas dificuldades com uma carga de trabalho maior, ganhando menos e tendo uma cobrança da clientela para entregar o máximo, exigindo um grau maior de perfeccionismo”, relata Adriana, que também organiza o Festival Pretas Potências, voltado para capacitação de jovens negros e indígenas.
O Brasil tem 14,5 milhões de empreendedores negros, que movimentam mais de R$ 288 bilhões por ano, de acordo com a pesquisa A Potência Negra, da Feira Preta, realizada em parceria com o Instituto Locomotiva.
Segundo o levantamento de 2021, com 2.029 entrevistados, empreender é o principal objetivo para a população negra.
“Não tem como falar de concentração de renda sem falar de desigualdade de renda que a população negra enfrenta. A ideia é promover a inclusão e potencializar as empreendedoras, que movem o país gerando emprego e que encontram muitos desafios nos seus negócios”, diz Ana Melo, head de Diversidade e Inclusão da XP Inc. sobre a primeira parceria com a PretaHub.
“Já trabalhamos com educação financeira nas escolas públicas e essa parceria veio para somar e chegarmos até essas mulheres.”
Além das aulas, o programa contará com ebook com dicas para uma gestão mais assertiva para o negócio, podcast e web série com episódios sobre os temas que permeiam o ecossistema financeiro, além do Preta Poupa Fest (festival de conteúdos) que contará com a participação de influenciadores especialistas em talks e workshops.
Os selecionados também terão orientação jurídica, contábil, comunicação, marketing e psicologia.
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Vários talentos e boas qualidades tem os Brasileiros.Luz p’ra nós.
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