A influência Africana na Culinária Brasileira

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Cultura afro-brasileira - Observatório do Terceiro Setor

Uma das heranças mais importantes da inserção dos negros na sociedade brasileira está na gastronomia. Entretanto, muita gente, como boa parte da população brasileira e principalmente os “nossos” negros, desconhece ou “acostumou” a ignorar o fato.

O negro é história no Brasil e sua história é cultura, é saber, é aprender e infelizmente não estudamos e nem ensinamos nas escolas.

Para entendermos como a técnica culinária dos africanos desenvolveu-se no país, precisamos primeiro aprender sua condição de escravo no período colonial.

Aprisionados na África e viajando em péssimas condições até chegar ao Brasil, os negros não traziam consigo nenhuma bagagem e nem ingredientes culinários nos bolsos. Porém, por outro lado, traziam uma grande bagagem etnocultural consigo.

Da necessidade de improvisação para alimentarem-se no novo território, que, por sua vez, tinha uma estrutura bem pouco eficaz, surgiu a própria maneira de cozinhar, preparar, improvisar e principalmente reinventar sua arte de cozinhar.

Nos engenhos de açúcar, para onde foram levados os escravos, as negras eram responsáveis pela alimentação dos senhores brancos, e passaram a adaptar sua arte culinária aos ingredientes da colônia que ali dispunham.

A mandioca, por exemplo era utilizada quando não tinha inhame. Na falta das pimentas que utilizavam na África, aproveitavam o azeite-de-dendê, que já conheciam da sua terra.

Sementes, raízes, folhas, frutas e tudo que pudesse suprir as carências dos alimentos na colônia e nas senzalas, passaram a dar um novo sabor na sua arte de dozinhar e assim, na própria cozinha brasileira, que essencialmente com a incorporação de animais que a dieta africana trazia em seus cardápios, privilegiava a mesa dos senhores nas colônias. Adeptos da caça, utilizaram os animais que encontravam no território como tatus, lagartos, cutias, capivaras, preás e caranguejos. Os animais eram muito frequentes nos cardápios das senzalas e praticamente passou a incorporar os cardápios dos colonizadores.

Na Culinária Afro-Brasileira é muito comum o uso do caldo dos alimentos, pois ele é um item fundamental no preparo de outros como, por exemplo, sua mistura com farinha.

Proveniente tanto do próprio alimento assado ou cozido, quanto do alimento preparado com água e sal, o caldo deu origem a pratos típicos da cozinha brasileira como o Angu (caldo com farinha de milho), e o pirão (caldo com farinha de mandioca) já conhecido pela cultura indígena.

O modo africano na arte de cozinhar e temperar incrementou os elementos culinários de portugueses e indígenas, recriando tanto sua própria arte de cozinhar, quanto a própria forma da cozinha brasileira.

Dos pratos portugueses era comum as galinhas e os ovos nas dietas dos escravos doentes, pois os opressores acreditavam que fossem alimentos revigorantes, e de fato são. Com o passar do tempo, a galinha passou a ser incluída nos cardápios afro-brasileiros. Assim, desenvolveram-se pratos típicos regionais do país.

Dos pratos indígenas, a Culinaria Afro-Brasileira além de diversas ervas, frutas e raízes, utilizou a mandioca. Um dos pratos afro-indígena brasileiro bem popular é o caruru. Feito apenas de ervas socadas ao pilão. Com o passar dos anos ganhou outros ingredientes, como peixe e legumes cozidos.

III Workshop Multidisciplinar Afro e Indígena e I Encontro Interdisciplinar dos cursos de Serviço Social, Psicologia e Direito

Na cozinha afro-brasileira, além do popular acarajé, feito da mistura de feijão fraldinho, azeite-de-dendê, sal, cebola, camarões e pimenta, é comum encontrarmos a pamonha de milho, originado de um prato típico africano, o acaça.

Muitos dos pratos africanos, reinventados com os ingredientesbrasileiros, retornaram com uma nova perspectiva para a culinária africana.

Pode-se caracterizar a cozinha de herança africana no Brasil como adaptativa, criativa e legitimadora de muitos produtos africanos e não africanos que foram incluídos, regionais e em outros de presença nacional. O nosso tão celebrado coco-verde vem da Índia, passando antes pela África Oriental, África Ocidental, Cabo Verde e Guiné para então fixar-se no Nordeste brasileiro.

O dendê é uma das marcas da cozinha genuinamente africana no Brasil e o dendezeiro é sagrado para os Ioruba, sendo conhecido como igí-opé.

Por volta do século XVI, a alimentação cotidiana na África, que incorporada à comida brasileira pelos negos, incluía arroz, feijão, sorgo, milho e cuscuz. A carne era predominante de caça (antílopes, gazelas, búfalos e aves).

Os alimentos eram preparados assados, tostados ou cozidos. Feijões variados, inhames, quiabos, acréscimos de camarões defumados, gengibre, pimentas e óleos vegetais como o azeite-de-dendê fazem a base de uma mesa em que vigoram acarajés, abará, vatapás de peixe e galinha, bobós, carurus, entre tantos outros pratos.

Ainda os cardápios sagrados dos terreiros de candomblé trazem alimentos como o ipeté, amalá, acaçá e bebidas como aluá.

O cuscuz já era conhecido na África antes da chegada dos portugueses ao Brasil, e tem origem no norte da África, entre os berberes.

O amplo patrimônio gastronômico de civilizações africanas e de soluções e recriações afrodescendentes fazem um dos mais notáveis caminhos para compreender o que come o brasileiro.

Veja alguns exemplos:

ACARAJÉ

Feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, podendo ser servido com pimenta, vatapá, caruru, camarão seco e salada de tomate verde, cebola e coentro.

VATAPÁ

Originário da África, muito temperado com pimentão, cheiro-verde, cebola, sal, coentro entre outros, preparado a base de peixes, em alguns casos frango, leite de coco, camarões secos e frescos, pão de véspera, amendoim e castanhas torrados e moídos, azeite de dendê e muita pimenta.

FEIJOADA

Feijoada - Panelinha

Um dos pratos mais famosos da culinária brasileira se originou na senzala. Enquanto as melhores carnes iam para as mesas dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, linguiça, carne-seca, eram misturados com feijão preto ou mulatinho e cozidos num grande caldeirão.

ABARÁ

Bolinho de massa de feijão-fradinho temperado com pimenta, sal, cebola e azeite dendê. Algumas vezes com camarão seco, teiro e moído misturado a massa, que é embrulhada em folha de bananeira cozida em água.

ABERÉM

come-se: Aberém

Bolinho feito de milho ou de arroz moído na pedra, macera em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas.

ALUÁ

Aluá | CLAUDIA

Bebida refrigerante feita de milho, arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar e rapadura, como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana.

ACAÇÁ

Acaçá de leite com goiabada - Prazeres da Mesa

Bolinho feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em verdes folhas de bananeira. Acompanha vatapá ou caruru. A versão feita com leite de coco e açúcar é chamada de Acaçá de leite.

MOQUECA

 

Para alguns estudiosos da gastronomia brasileira, a origem da moqueca brasileira remontaria à peixada traziada pelos portugueses à qual os africanos teriam acrescentado ingredientes da sua tradição culinária. Contudo, é importante lembrar que os indígenas tinham, no peixe, um alimento de extrema importância, assim como a farinha de mandioca. Tal associação- peixe e farinha- conservou-se na combinação da moqueca com o pirão.

ADO

BR'Africanidade: Comidas Africanas

Doce de milho torrado e moído, misturado com azeite de dendê e mel.

ABRAZÔ

Pin em Festa Junina e Quermesse

Bolinho feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado e frito em azeite de dendê.

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20 thoughts on “A influência Africana na Culinária Brasileira

  1. Culinária maravilhosa…Deu água na boca agora! Acarajé, moqueca, vatapá e feijoada… Tudo de bom!! 😋 Fiquei curiosa sobre os outros pratos… A culinária africana é de lamber os beiços!! 😍 Luz p’ra nós…

  2. Muito boa a matéria! Certa vez pude acompanhar a preparação de pratos assim sendo que cada um era para um orixá… incrível! Luz p’ra nós!

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