Campanha chilena incentiva doação de Cannabis em tempos de isolamento

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As Fundações Daya e Mamá Cultiva (Mamãe Cultiva) e a corporação de cultivo comunitário Dispensario Nacional, do Chile, lançaram no dia 24 de abril a campanha “Colheita Solidária: compartilhe suas flores com quem mais precisa”. Trata-se de um chamado para que os produtores de Cannabis se conectem com pacientes neste momento de isolamento social.

 

https://www.facebook.com/fundaciondaya/photos/a.671971072856627/2858896974164015/?type=3&theater

A ação é mais um parceria das duas organizações sem fins lucrativos que trabalham para promover terapias alternativas à medicina tradicional para aliviar o sofrimento humano.

Fundação Daya é a única com permissão de cultivo de Cannabis em larga escala no Chile para fins terapêuticos e científicos. Um dos objetivos deles é desenvolver políticas públicas pensando no bem-estar físico e espiritual das pessoas.

Já Mamá Cultiva é formado por mães de crianças com epilepsia refratária, câncer e outras patologias que divulgam os resultados da terapia com Cannabis. Assim como o Dispensario Nacional, elas apoiam as famílias chilenas interessadas nessa opção.

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Avanços e retrocessos

Como pilares de promoção do desenvolvimento da Cannabis medicinal no país, as fundações trabalham em três frentes. O primeiro deles é o autocultivo. Para elas, trata-se de um direito fundamental inalienável, e a única forma de democratizar o acesso aos medicamentos. O outro envolve o cultivo comunitário para facilitar o acesso àquelas pessoas que não têm como se auto-abastecer. E, por último, a produção de fitofármacos de baixo custo (tendo como base a planta completa) para serem incorporados ao sistema de saúde pública.

“Com muito esforço, desde que começamos [em 2014] conseguimos avanços importantes aqui Chile nesses três pontos, mas infelizmente estamos vivendo tempos obscuros e várias das nossas ações foram canceladas ou estão suspensas”, lamenta Ana Maria Gazmuri, fundadora e diretora executiva da Fundação Daya.

A partir de março de 2017, em parceria com um laboratório, a Fundação foi bem-sucedida em seu projeto de distribuir o primeiro fitofármaco elaborado à base de maconha, chamado Cannabiol. Apesar da verificada eficiência do produto, no ano passado o Instituto de Saúde Pública (ISP) não renovou a autorização para sua fabricação e ele parou de ser entregue à população em meados de 2018.

Hoje o único fármaco com venda regular no Chile é o importado Sativex, que custa em torno de 800 dólares. “Esse bloqueio foi muito duro para os 2.500 pacientes do Cannabiol, que tiveram que interromper o tratamento, inclusive aqueles que o recebiam de forma gratuita por meio de programas municipais”, conta Ana María.

Além disso, no final de 2019 o governo atrasou a licença para o plantio na área de cultivo de Cannabis da Fundação Daya, que se tornou referência na América Latina e fez do Chile um dos países pioneiros na pesquisa de Cannabis medicinal. O campo em Quinamávida, na região de Maule, chegou a ter 7 mil plantas, mas abriga hoje somente as 49 variedades originadas das plantas-mães, que serão responsáveis por dar início à próxima produção.

“Apesar desse momento de quebra de diálogo e frente a um Estado ausente, temos que seguir avançando com as nossas práticas, ajudando quem está sofrendo. Por isso a campanha de colheita solidária é tão importante nesse contexto. É necessário empoderar os pacientes e compartilhar informação para que eles decidam”, finaliza ela.

Luz p’ra nós!

 

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