Mulheres que foram vacinadas contra a Covid-19 devem aguardar pelo menos quatro semanas após a segunda dose para fazerem o exame de mamografia de rotina. O período deve ser respeitado para evitar que uma reação comum às vacinas seja confundida como sinal de câncer de mama, segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“A recomendação serve para situações de rastreamento, para as pacientes que fazem o exame de rotina, e que não têm nenhum sintoma. Agora, se a paciente tiver alguma suspeita, se o exame for solicitado por algum motivo e não por rotina, não precisa esperar esse período. Até porque não é sempre que esta reação [da vacina] acontece, é uma possibilidade”, explica a especialista, que também é professora da Universidade Federal do Paraná.
Como as vacinas geram uma reação inflamatória no organismo, células do sistema imunológico podem se acumular nos linfonodos (ou gânglios linfáticos) da região das axilas, aumentando-os de tamanho. De acordo com Iris Rabinovich, médica mastologista, presidente da SBM, regional Paraná, essa é uma reação benigna, que se dissipa em algumas semanas, mas que pode ser confundida durante um exame de rotina.
Rabinovich lembra também que o aumento dos linfonodos –linfadenopatia axilar – pode aparecer após qualquer vacina, não apenas as anticovídicas. “Qualquer vacina pode gerar essa reação, porque as vacinas incitam uma resposta imune e isso aumenta o linfonodo. Mas como estamos em uma pandemia, e em meio a uma vacinação em massa, isso acabou aparecendo na prática das pacientes, por estarem se vacinando”, destaca.
4 a 12 semanas para mamografia
O período em que os linfonodos tendem a regredir após a vacinação varia de quatro a até 12 semanas, de acordo com a médica mastologista. No caso de pacientes que acabaram fazendo o exame sem aguardar esse período, Rabinovich explica que elas devem ser reavaliadas tanto clinicamente quanto por exames de imagem, para verificar a regressão. “Isso deve ser avaliado. Uma vez que o linfonodo aumentou, precisa avaliar”, afirma.
Outro fator que ajuda a confirmar a reação vacinal é se a mama não apresentar sintoma algum. “Quando há um aumento exclusivo do linfonodo sem nenhuma alteração mamária, isso sugere uma reação vacinal”, completa a médica.
Dos sintomas que devem chamar atenção, a especialista destaca: “se a paciente sente algum caroço, alguma diferença no contorno; se notou alguma diferença no toque. Se ela tiver alguma dúvida sobre a mama, precisa ser avaliada pelo médico, e fazer os exames.”
A mamografia de rotina é indicada anualmente para todas as mulheres acima de 40 anos. “Pacientes de alto risco, que já tenham tido casos de câncer de mama na família, precisam começar o rastreamento antes. Geralmente se inicia 10 anos antes da idade do familiar que foi afetado, mas pode variar. Paciente com risco familiar precisa de uma orientação mais específica”, completa Rabinovich.
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