Sônia Guajajara é uma indígena maranhense, que se destaca pelo ativismos indígena e ambiental, estando na linha de frente na luta contra vários projetos que ameaçam os direitos e a vida dos povos indígenas, bem como o meio ambiente.
Sônia é reconhecida internacionalmente, por causa das dezenas de denúncias que já fez na Organização das Nações Unidas (ONU), no Parlamento Europeu e nas Conferências Mundiais do Clima (COP), de 2009 a 2021, sobre violações de direitos indígenas. A maranhense já viajou mais de 30 países do mundo na luta pelos seus ideais. Com uma grande trajetória de ativismo ela entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, feita pela Revista Time. Além de Sônia Guajajara, o pesquisador Tulio de Oliveira é o segundo brasileiro a compor a lista.
No texto de apresentação da maranhense, feita por Guilherme Boulos, como coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Brasil, a Time destacou a resistência de Sônia contra o machismo, contra o massacre de povos indígenas e contra o neoliberalismo.
“Os pais de Sônia Guajajara não sabiam ler e ela teve que sair de casa aos 10 anos para trabalhar. Apesar disso, ela desafiou as estatísticas e conseguiu se formar na universidade. Desde tenra idade, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos. Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista”, aponta a publicação.
Nascida na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão em 1974, Sônia é do povo Guajajara/Tentehar. Filha de pais analfabetos, aos 15 anos foi convidada para cursar o ensino médio no Estado de Minas Gerais. Depois ela voltou para o Maranhão e, em 1991 ela formou em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e, em 2003 se formou em Enfermagem, também pela UEMA. Já em 2005 ela fez pós-graduação em Educação Especial.
Trajetória de militância
Com seu destaque na luta pelos povos indígenas, em 2009, Sônia Guajajara foi eleita vice-coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Em 2013 foi eleita coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), onde começou a atuar no movimento indígena em âmbito nacional.
Na coordenação da APIB, onde está terminando o seu segundo mandato (2017/2022), a maranhense desenvolve uma agenda intensa na luta pelos direitos indígenas no Congresso Nacional, estando na linha de frente contra projetos que retiram direitos e ameaçam os povos indígenas. A atuação dela na APIB também foi destaque no texto da Time.
“Hoje, como coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara está na linha de frente da luta contra a tentativa do governo Bolsonaro de destruir as terras indígenas, junto com a floresta amazônica. Seu trabalho vai desde a participação na COP26 – que criou um fundo de US$ 1,7 bilhão para povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo seu trabalho essencial protegendo terras e florestas da degradação – até os últimos meses, quando ela liderou protestos de milhares de pessoas, reunindo centenas de grupos étnicos indígenas, que ajudaram a travar um “pacote de morte” de legislação anti-indígena. Ela também chamou a atenção nacional para o atropelamento dos direitos indígenas durante a pandemia do COVID-19”, afirma outro texto da publicação escrita por Boulos.
Sônia também tentou ingressar na política em 2018, quando foi a primeira indígena a compor uma chapa presidencial, ao lado de Guilherme Boulos. Porém a chapa perdeu as eleições.
Mas a luta de Sônia prossegue, em 2019, ela foi co-organizadora da Primeira Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, evento que reuniu mais de 2 mil mulheres de diversos povos. Com a marcha, foi criada a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), uma organização nacional que visa mobilizar mulheres indígenas de todos os biomas do Brasil.
Já em 2019, Sônia Guajajara esteve à frente da Jornada Sangue Indígena Nenhuma Gota Mais, que percorreu 12 países da Europa, levando denúncias sobre violações, cometidas pelo Governo Bolsonaro, e cobrando medidas para que o governo brasileiro e empresas do agronegócio cumprissem os acordos de preservação do meio ambiente e respeito aos direitos dos povos indígenas dos quais o Brasil é signatário.
Atualmente, além de coordenar a APIB, Sônia também compõe o Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil, iniciativa que faz parte de um Programa das Nações Unidas.
Prêmios e honrarias
Há anos a maranhense Sônia Guajajara tem sido reconhecida por diversas organizações em nível internacional e já recebeu vários prêmios e honrarias, como:
- Prêmio Ordem do Mérito Cultural 2015 do Ministério da Cultura
- Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, em 2015
- Medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas na Terra Indígena Araribóia, em 2015
- Prêmio João Canuto pelos Direitos Humanos da Amazônia e da Liberdade, pela Organização Movimento Humanos Direitos, em 2019
- Prêmio Packard concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), em 2019
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