Mulher com fibromialgia abandona remédios depois da cannabis

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Vanessa Aragão, hoje com 45 anos, começou a ter fortes dores no corpo em 2013, mas nenhum médico sabia o que ela tinha. Durante um ano, foi jogada de especialista para especialista, fez uma série de exames, mas sem saber as causas.

Na época administradora, Aragão chegou a ficar debilitada, sem conseguir sequer sair da cama. Tomou incontáveis remédios para inflamação e dores crônicas, que pareciam não adiantar muita coisa. Remédios que ainda causaram uma hepatite medicamentosa.

Além de dores por todo o corpo, Vanessa também descobriu uma hérnia na coluna, o que piorou a sua condição. Para se ter uma ideia, ela tinha que receber uma fisioterapeuta em casa, pois não conseguia ir até à clínica para fazer as sessões.

Diagnóstico: fibromialgia

Foi só depois de uma consulta com um neurologista, um ano depois, que Aragão finalmente descobriu qual era o problema: fibromialgia.

A condição é caracterizada principalmente por dores fortes por todo o corpo, além de outros sintomas. Pode estar relacionada tanto a fatores emocionais, como ansiedade, depressão e estresse, quanto por fatores do sistema nervoso.

A condição afeta cerca de 3% da população brasileira, principalmente mulheres.

A administradora, que agora havia parado de trabalhar por causa do seu estado, descobriu ainda, que os problemas de hérnia poderiam ter se originado das inflamações causadas pela fibromialgia.

Tratamento

Na década de 2010, Aragão morava em Brasília e conseguiu uma vaga no hospital Sarah Kubitschek, referência em ortopedia. Lá, a agora costureira tinha um tratamento com uma equipe de profissionais que ajudou a aliviar um pouco as dores.

“A dor não some, é uma dor que fica 24h por dia. Mas eu já estava conseguindo fazer coisas que não podia por causa do tratamento”, lembra.

Contudo, Aragão ficou grávida de gêmeos e sofreu complicações. Teve um parto complicado aos cinco meses de gestação, quando a bolsa rompeu e perdeu as duas crianças. A condição dela era grave, precisou ficar internada por um bom tempo.

Problema que custou a sua vaga no hospital Sarah Kubitschek. “Não consegui mais voltar a fazer o meu tratamento”, complementa.

Tudo novamente

Foi aí que o seu estado piorou. Sem um tratamento adequado, ela regrediu e voltou a ter dores constantes que a deixaram debilitada mais uma vez.

Em 2018, Vanessa também mudou de cidade, deixou a capital do país para morar na cidade de seus avós em Araxá, Minas Gerais.

Agora, sabendo o que tinha, buscou um médico especializado em fibromialgia para voltar a receber algum tipo de tratamento. Mas o problema é que o Dr. Carlos Eugênio voltou a passar as várias medicações que ela já tinha tomado.

Não demorou muito para a costureira se ver tomando ansiolíticos, antidepressivos e medicações fortes para dores mais uma vez.

Sem preconceitos

Foi através de uma reportagem na TV que ela soube que a cannabis poderia ser uma opção para o seu problema. A matéria falava especificamente do CBD (canabidiol) no tratamento de Alzheimer, mas foi uma fala do médico entrevistado que chamou a sua atenção.

“O médico que falou do uso, falou que o canabidiol também pode ser usado para fibromialgia, outras doenças crônicas, degenerativas e etc. E então eu comentei com ele (o seu neurologista) sobre a reportagem”, diz.

Para sua surpresa, o Dr. Carlos Eugênio já prescrevia cannabis para vários pacientes e indicou até o lugar para ela comprar o produto. Parece que o médico não falava sobre o assunto com medo das represálias.

Da água para o vinho

As legislações vigentes sobre cannabis são relativamente recentes. Para se ter uma ideia, a importação só foi autorizada em 2015 a venda dos produtos nas farmácias só passou a acontecer em 2020.

Ainda assim, os remédios não são baratos. Sem uma produção local, o óleo precisa vir de países como Estados Unidos. Por causa disso, muitas pessoas ainda buscam produtos de cannabis no mercado paralelo ou em associações de pacientes.

Como no caso da costureira, que demorou um tempo para conseguir comprar o óleo. Mas a espera valeu a pena. Em três meses, ela já tinha tirado todas as outras medicações.

“Eu já não estava tomando os antidepressivos, os ansiolíticos, eu parei de tomar os remédios para dor porque só o canabidiol já estava me ajudando. Melhorou da água pro vinho”, complementa.

Vanessa ainda complementa que não só as dores melhoraram, mas também o seu sono e os incômodos causados pela hérnia cervical.

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