Artesanía Comanche: artesanato que parte da natureza

Cássia 16
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O que uma dupla formada por uma comunicadora audiovisual e uma engenheira têm em comum? Paula e Pilar estão unidas pela paixão por materiais sustentáveis, a inspiração na natureza e o amor pelo artesanato.

Especializadas na criação de apanhadores de sonhos artesanais, formaram o ateliê Artesanía Comanche com o objetivo de buscar a independência criativa e promover seu trabalho.

Conversamos com elas para descobrir mais sobre seu processo criativo, fontes de inspiração e tudo o que usam para criar essas peças handmade.

O que é a Artesanía Comanche? Qual a formação de cada uma?

É um projeto artesanal de duas empreendedoras de Málaga com vontade de mostrar ao mundo o que pode ser feito com materiais da natureza e reciclados.

Pilar: Sou ilustradora, artista e vocalista. Desde pequena estou ligada ao mundo da arte, parte por herança familiar e parte por paixão. Também sou comunicadora audiovisual.

Paula: Sou engenheira, apaixonada por música e arte desde pequena. Sempre gostei de relacionar a matemática ao mundo da arte e da natureza.

 

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Como surgiu a ideia de abrir a própria oficina de artesanato?

Pilar: Nos conhecemos quando participávamos de uma Tuna Feminina em Málaga e ambas tínhamos um projeto da independência financeira. Por isso decidimos morar juntas após o confinamento e criar esse projeto com o qual poderíamos ter uma renda extra. Também, e muito mais importante, queremos compartilhar com o mundo o que fazemos sem esforço, sem percepção da passagem do tempo e com muita paixão.

Paula: Pilar me contou que fazia apanhadores de sonhos há um ano e eu disse a ela que gostava muito do assunto e que gostaria que ela me ensinasse, e entre as duas surgiu a ideia de fazer o projeto juntas e divulgá-lo nas redes sociais.

Pilar: Acho que não teria dado o salto de mostrar para o mundo se não fosse pela Paula, porque ela é muito boa e está muito acostumada com questões organizacionais que são básicas em qualquer projeto e são habilidades nas quais eu vacilo.

 

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As duas estão ligadas a outras disciplinas artísticas. Como se decidiram por esta? Falem um pouco de suas formações e como surgiu o interesse pelas artes manuais.

Pilar: Os apanhadores de sonhos têm uma magia que nos parece imensa. Pensamos que não é um item básico para todos, mas acreditamos ser um complemento imprescindível em casa.

Estou nas artes manuais desde os seis anos de idade, quando tive o primeiro livro sobre o assunto. Comecei neste mundo com cascas de ovo e macarrão. Depois, principalmente na adolescência, passei muito tempo pintando até despertar um interesse por moda. Foi quando comecei a personalizar roupas usadas e, em seguida, a fazer roupas e acessórios para o grupo de Tuna, ao mesmo tempo que desenvolvia todo tipo de decoração de parede, incluindo murais.

Paula: Quando era pequena adorava os apanhadores de sonhos. Tenho um em casa que comprei em uma reserva indígena no Canadá. Contaram-me como ele era feito e o que representava e, desde então, gosto muito de tudo relacionado à sua simbologia. Quando Pilar me disse que sabia como fazer e poderia me ensinar, naquele momento soube que estava chegando um projeto muito bom e de grande satisfação pessoal para nós.

 

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Qual é sua fonte de inspiração para começar um projeto criativo?

Paula: Depende do dia, às vezes despertamos com uma ideia na cabeça, outras vezes vemos um material que nos inspira muito e só de olhar já imaginamos como poderia ser com outras coisas que já temos. Também recebemos muitos pedidos, as pessoas nos contam mais ou menos o que querem e com isso já deixamos a ideia fluir e isso nos inspira muito. Muitas vezes, também nos contam a história de por que querem fazer o apanhador de sonhos.

Por exemplo, um amigo nosso fez o caminho de Santiago e, ao voltar, nos trouxe uma concha típica de Santiago de Compostela. Pediu que fizéssemos um apanhador inspirado nas diferentes histórias que nos contou sobre o caminho e que, por outro lado, estivesse esteticamente coerente.

Pilar: O processo criativo é muito orgânico, ou seja, às vezes começamos com um ideia, mas o próprio processo pede outros caminhos estéticos.

 

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Que passos seguem para criar um projeto desde que a ideia surge até a execução?

Como temos um grande estoque de materiais (mandalas de crochê feitas previamente, penas, miçangas, tecidos, fios, cordões, sementes e elementos da natureza conseguidos por nós mesmas…), vamos decidindo o que incluir no apanhador de sonhos conforme avançamos no processo.

O primeiro que decidimos é o tamanho do arco. Alguns são forrados e outros não.

Depois vem a escolha de como será a mandala, de crochê ou tapete (é assim que chamamos), este é enganchado no arco e precisa ficar bem esticado (aqui temos que fazer com muita habilidade e força para que não fique solto). Em seguida escolhemos os tecidos e colocamos uma primeira base que pende da parte circular. Então, à medida que nos inspiramos, escolhemos outros tecidos e materiais para adicionar nessa parte. Aqui o importante é que ela faça contraste em textura, pois é o que dará mais riqueza, mas seguindo a mesma gama cromática.

Por fim, o toque final, que para nós faz toda a diferença. São os detalhes que adicionamos com pequenas miçangas, fios, sementes e tranças.

 

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Têm materiais favoritos? Quais são e por quê?

Paula: Tentamos fazer com que os arcos sejam bastidores de madeira e não usar plástico. Já encontramos arcos de bambu em lojas de usados.

Quanto aos tecidos, procuramos sempre ter algumas cores básicas (brancos, terrosos etc.), pois podem ser facilmente combinadas com outros tecidos de texturas diferentes.

O resto dos acessórios que temos, tentamos que sejam feitos de materiais reciclados, algumas das miçangas inclusive nós mesmas fabricamos. Também gostamos muito de usar elementos da natureza que encontramos quando passeamos pelo campo como, por exemplo, sementes, ramos e penas. Sempre consideramos algo básico adicionar um toque desses ao apanhador de sonhos para que todos tenham um pedacinho da natureza dentro de suas casas.

Pilar: A maioria dos tecidos e materiais que compramos são adquiridos em lojas de segunda mão que usam os recursos para causas beneficentes (câncer de mama, desintoxicação de drogas, pele de borboleta, por exemplo). Também costumamos comprar materiais na Cudeca (que auxilia no combate ao câncer) e vários mercadinhos.

Tentamos evitar ao máximo que tanto nossos tecidos quanto nossas miçangas tenham plástico. Priorizamos lã, algodão, madeira, minerais e cristal. Às vezes usamos plástico, mas sempre proveniente de elementos que temos em casa e queremos reutilizar.

 

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Além dos apanhadores de sonhos, usam essas técnicas em outros projetos ou objetos?

Pilar: Não usamos essa técnica em outros projetos, o que aplicamos é o processo criativo. Eu na ilustração e Paula no design gráfico. É uma certa falta de planejamento em que encaramos o projeto com ideias mas sem expectativas. Agindo assim, do começo ao fim nos envolvemos em um processo de liberdade absoluta, caminhando na direção de um destino desconhecido: o resultado final.

Paula: Por isso gostamos tanto de trabalhar assim. Temos a liberdade de que, por sorte ou azar, não podemos usufruir em muitas áreas da nossa vida que já estão planejadas.

 

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O público tem uma preferência clara por um estilo ou todos os projetos têm recepção semelhante?

Pilar: Como se costuma dizer a respeito dos cães, todos os apanhadores de sonhos também se parecem com seu dono. Acreditamos que existe um modelo ou estilo para cada tipo de pessoa.

Paula: Nossas previsões com a recepção de certos modelos muitas vezes estão erradas. Achamos que uma combinação de texturas vai funcionar muito bem e fica em estoque por muito tempo. Depende do tipo de decoração que cada um tem em casa, ou assim pensamos.

Alguns exemplares tiveram uma recepção incrível. Sobretudo os totalmente brancos ou de estética soft, com cores suaves, gama cromática muito limitada e muitas miçangas e penas.

 

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Seu trabalho possui uma mensagem?

Pilar: Para mim, os apanhadores de sonhos misturam dois conceitos muito interessantes em sua estrutura: por um lado, a mandala ou fractal que encontramos na natureza, na matemática e em toda parte, até mesmo no mais profundo do inconsciente humano (que é representado na parte circular do apanhador de sonhos com o crochê) e, por outro lado, o caos, a desordem, a mistura de texturas e materiais da decoração pendurados na mandala que representam a confusão cotidiana, o mundano e todas as provas que a vida nos impõe e que nos conectam àquele todo que a mandala representa, da mesma forma que a decoração pende do crochê e se conecta a ele.

Paula: Para mim, Artesanía Comanche diz, sobretudo, “faço o que me faz feliz, faça você também”.

Acreditam que o projeto evoluirá de alguma forma? Como imaginam essa evolução?

Pilar: Nossa intenção é que com o tempo, Artesanía Comanche cresça quantitativa e também qualitativamente: incorporando outros tipos de produtos e colaborando com outros artesãos. Gostaríamos de ver nossas peças em galerias e lojas de grandes cidades, dar oficinas ou ministrar um curso.

Paula: Nos poucos meses desde que começamos, as expectativas que tínhamos já evoluíram e nos vemos encaminhadas. O crescimento é uma questão de tempo, pois dedicamos todo o nosso tempo e energia a isso e queremos que a visão do projeto chegue longe.

Que outros artistas têxteis são uma inspiração?

Pela originalidade, pela sua execução limpa, pensamos em, por exemplo, Janis Ledwell-Hunt, que faz muita decoração de paredes com motivos marítimos, e Vanessa Barrangao, que cria composições orgânicas que são deleite para o olhar. Também gostamos de macramê e acompanhamos muito Natalia Corbi, que trabalha principalmente em cores brancas e cruas e faz umas maluquices bem legais.

 

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Fonte: Domestika

 

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