Maternidade solo: do preconceito à realização pessoal

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O maior espetáculo do mundo é produzido pela mulher-mãe que gera, alimenta e educa um filho. É um show fantástico e único, que exige garra e determinação quase integral. Porém, a maternidade solo pode ser facilmente comparada a um musical onde você interpreta todos os personagens, gerencia a produção, o figurino e a direção da peça. E, pior, para uma platéia composta apenas de críticos!

Não é segredo que ser mãe não é uma tarefa fácil. Tudo se resume à responsabilidade de criar o melhor ser humano que puder, abdicando, muitas vezes, de si para o filho e correndo o risco de nunca ser o suficiente. E o desafio de assumir essa tarefa sozinha torna o “show” ainda mais complicado.

Não apenas pelos detalhes lógicos que afligem toda carreira solo, como: aumento de carga horária da função, dificuldades financeiras (pois pensão e ajuda econômica, quando existem, não abrangem todas as necessidades de uma criança), ou a incrível necessidade de estar sempre em dois lugares ao mesmo tempo. Os obstáculos estendem-se além do que os olhos podem ver.

Por incrível que pareça, o maior vilão não é o parceiro ausente, o tempo escasso ou as complexidades monetárias de ser a única renda da casa, mas sim o julgamento da sociedade opressora. E, por opressão, devemos incluir, principalmente, a discriminação criada pelo moralismo das “famílias perfeitas”.

A crítica à mulher-mãe-solo é uma erva daninha que pressiona a mulher a seguir a milenar tradição da constituição do casamento e diminui a capacidade da figura feminina através do preconceito de criar um filho fora dessa instituição conjugal, impondo a necessidade de um homem para exercer a maternidade que é um privilégio da mulher.

Ter um filho sozinha transforma aquela que foi criada como ‘sexo frágil’ em ‘guerreira amazona’, capaz de superar todas as adversidades impostas. E, acredite, não são poucas.

Qualquer estruturação que saia desse padrão da família tradicional é taxada como inadequada, o que é irônico, visto que apenas no Brasil existe uma média de 20 milhões de mulheres que criam seus filhos sozinhas, segundo pesquisas do Instituto Brasileiro Data Popular, tornando cada vez mais comum o modelo de famílias monoparentais lideradas por mulheres.

A discriminação da maternidade solo é invisível. Ela existe nos olhos de cada personagem que se considera superior por estar enquadrado fora desse estigma – preconceito que só pode ser sentido pelo indivíduo a quem essa intolerância é direcionada, que vivencia diversas barreiras baseadas na sua opção de estrutura familiar, fato refletido na pejorativa nomenclatura popular “mãe solteira”.

Vítimas da situação? Não, nunca! Se a maternidade tradicional é uma corrida de revezamento, a maternidade solo é como estar em um desafio de triatlo, seguido de uma competição de crossfit, isso sem intervalos.

Não vou mentir, estar sozinha parece assustador, principalmente quando entramos nas questões financeiras que normalmente são apavorantes (pois criar um filho com o mínimo de dignidade é caríssimo). Mas não é impossível.

Existirão momentos angustiantes, e é nessas horas que a mãe solo precisa estruturar sua força como mãe e seus objetivos como mulher. Foco e planejamento são a chave do sucesso, e, principalmente, o desapego da tradicional romantização da mãe perfeita; ela não existe.

Obviamente, um pouco mais de empatia e sororidade seriam muito bem-vindos, afinal, precisamos arrancar pela raiz esse mito de que criar um filho em carreira solo é uma “consequência” negativa de uma relação que não deu certo, mas sim, o resultado positivo da sua plenitude como mulher.

*

Texto de Paula Ribeiro, escritora de livros infanto-juvenis e mantém um blog que fala sobre maternidade solo e cultura nerd

 

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