Designers por formação e artesãs por causa, Karen, Anne e Letícia usam o crochê para trazer conforto, poesia e reflexões à paisagem urbana. Em fases diferentes, e cada uma dentro de seu estilo, elas começaram projetos nos cenários concretados de São Paulo e hoje levam a ideia a outras cidades como expressão e empoderamento. São artistas de um museu a céu aberto.
KAREN BAZZEO: EMPODERAMENTO NO CONCRETO
Como muitas artesãs da nova geração, Karen Bazzeo, 30 anos, entrou para o universo manual a procura de um hobby que pudesse “fazer sentido” em uma fase de crise profissional. “Queria resgatar algo que gostasse de fazer na minha infância. Me lembrei do crochê, que havia aprendido com minha mãe. Aos poucos, encontrei na técnica uma forma de me expressar ”, conta.
Nascia ali a Dolorez Crochez, um ateliê que também é um manifesto que utiliza a técnica artesanal para inspirar transformações artísticas e educacionais individuais e coletivas. “É arte de guerrilha e empoderamento”, define.
“Quando fiz o projeto com os grafiteiros Felipe Primat e Julio Falaman, em 2014, passei bastante tempo na rua interagindo com as pessoas. A partir daí, meu gosto pelas instalações na cidade cresceu e comecei a espalhar frases, desenhos e coisas que me inspiravam de alguma maneira e que queria colocar para fora”, relembra Karen.
“O meu trabalho tem por natureza a essência feminina. Ele está sempre conversando e, direta ou indiretamente, lutando pelos direitos da mulher” – Karen Bazzeo
ANNE GALANTE: ‘GRAFICROCHET’ PELOS MUROS
A designer Anne Galante, 30 anos, é pioneira em adicionar o conforto da arte manual nos muros concretados da capital paulista. “Conto a velha história do artesanato da vovó em um uma narrativa atual”, define.
Apaixonada pela estética do grafite, mas com talento para lãs e agulhas, ela criou, em 2011, o projeto Nem Todo Splash é Tinta. Inspirada, ela escolhe um desenho, tece em crochê com linha especial e, com uma liga de cimento, transfere para a parede e finaliza com spray. É o que ela passou a chamar de “graficrochet”.
Flores de crochê no cabelo no cabelo
“O graficrochet é um mix do grafite tradicional com o crochê. Adoro a estética a tinta escorrendo. Como nunca tive esse talento para os pinceis, resolvi unir os dois” conta ela. Sócia de uma marca de moda e decoração especializada em tricô e crochê, a Señorita Galante, Anne testou vários tipos de linha e cola até chegar à mistura ideal de cimento que fixasse bem os fios de náilon, escolhidos por serem mais resistentes. “Comecei os testes em 2009, mas só dois anos depois fui às ruas.”
“Na cidade, a arte não escolhe certo tipo de público ou classe social, e abrange a todos como expectadores”. – Anne Galante.
Na 23 de Maio, uma onda vermelha gigante para o grafitte de Tikka Meszaros e a Barbara Goy
Anne já crochetou muitos muros sozinhas, mas gosta mesmo é de fazer parcerias com outros artistas. É impossível passar pela rua Barão do Bananal, na esquina com a rua Cajaíba, no bairro Pompeia, onde fica seu ateliê, e não se impactar com o ‘O rato roeu a roupa com o rei de Roma’, uma parceria dela com o artista Paulo Ito. “Ele tem um trabalho bem revolucionário em que faz criticas construtivas sobre a sociedade que vivemos”, conta.
Recentemente, Anne teceu uma grande onda sobre o muro das artistas Tikka Meszaros e a Barbara Goy na Av. 23 de maio. “O mais legal dessas parcerias é que consigo resultados bem diferentes em cada um. É um aprendizado continuo de possibilidades e novas formas”, diz. No Instagram, ela criou o perfil ‘graficrochet‘ para mostrar um pouco do bastidores de seu trabalho.
LETÍCIA MATOS: TRONCOS E POMPONS
As árvores e postes com “roupa” colorida de crochê e pompons estão espalhadas pelos bairros mais movimentados da capital paulista e já são, praticamente, parte do cenário mais cosmopolita do País. A obra é da artesã e design gaúcha Letícia Matos, 38. Radicada em São Paulo há quase dez anos, hoje ela inspira artesãs, inclusive de outras cidades, a fazerem o mesmo. Mas quer identificar uma obra original de Letícia? Note se nos galhos estão pendurados treze pompons de lã – eles são sua espécie de assinatura.
A designer ensinava tricô e crochê às amigas em uma praça pública quando teve a ideia de revestir uma árvore e finalizar o projeto com os pompons que acabara de fazer – eram 13. Seu coletivo de crocheteiras ainda ganhava um nome criativo: 13pompons.
Entre postes e árvores, ela anda para cima e para baixo com lãs e agulhas na bolsa. E tece aonde dá vontade. Desde que começou, ela deixou sua marca por São Paulo, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e até Buenos Aires, na Argentina. Recententemente, realizou um sonho: crochetou suas primeiras árvores em Nova York. “Foi um momento bem marcante.”
Ajudem no Merch:
escoladelucifer.com.br
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unebrasil.wixsite.com/livrolucifer
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Bela arte! Luz p’ra nós ✨
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Gratidão pelo post! Luz p’ra nós!
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