Magu, a deusa canábica do Taoísmo

Michelly 20
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Magu, a deusa canábica do Taoísmo

 

A lenda de Magu surgiu no Monte Tai, uma das cinco montanhas sagradas para o Taoísmo. Essa montanha está localizada 100 km a leste de Xian, cidade que foi capital da China por três dinastias.

A Deusa em questão é a protetora de todas as fêmeas, seu nome significa “Deusa da Cannabis”. A literatura chinesa a descreve como uma bela mulher portadora de longas unhas de pássaro. Quando se avistava um veado, dizia-se que Magu estava próxima.

Em seu conto, após libertar os escravos que trabalhavam para seu pai, ela ascendeu à imortalidade e tornou-se livre do corpo físico. Era associada ao Elixir da Vida, tão buscado pelos alquimistas; tinha fama de curar todas as doenças e prolongar a vida indefinidamente.

 

Retrato da Imortal Magu”. Crédito: Museu do Palácio Nacional

 

O nome “Magu” provém da junção da letra do alfabeto chinês “MA” com a letra ‘GU’. O ideograma Ma, originado na Dinastia Zhou, representa plantas secando, da mesma maneira que as flores de cannabis secam pelo tempo necessário até que a umidade e a clorofila evaporem.

Já a letra “GU” é um pronome de tratamento utilizado para se dirigir a uma mulher nobre, também presente em títulos religiosos como o de Sacerdotisa.

 

Magia

Há ainda quem diga que seu nome também está relacionado com a antiga palavra persa antiga “magus”, da qual derivou a palavra “magia”.

O historiador e sinólogo Joseph Needham conectou o mito de Magu aos primeiros usos religiosos da cannabis por parte dos taoístas em seu livro “Science and Civilization in China, Chemistry and Chemical Technology”, de 1974, na página 152.

Uma moderna seita taoísta chamada “Caminho da Infinita Harmonia” adora Magu e defende o uso religioso da cannabis.

O famoso calígrafo taoísta da Dinastia Tang, Yan Zhengqing, visitou o Monte Tai e talhou a inscrição: “Local onde Magu ascendeu à Imortalidade”.

 

Usos da cannabis na China

A cannabis foi mencionada pelos antigos autores da farmacopeia chinesa no livro “Shennong Bencaojing”, compilação chinesa sobre agricultura e plantas medicinais com ensinamentos do lendário governante chinês Shennong (cujo nome significa “divino agricultor”), que viveu por volta de 2800 aC.

Segundo os textos contidos na obra, a melhor época para a colheita é o sétimo dia do sétimo mês. Esse dia é comemorado com banquetes nas comunidades taoístas.

Os taoístas experimentaram sistematicamente vários tipos de fumaças alucinógenas através de suas técnicas de observância litúrgica e rituais incensários.

Seus mestres costumavam misturar a cannabis ao ginseng, acreditando obter um conhecimento sobrenatural dos eventos futuros.

Desde a China antiga se produz um vinho feito com infusão de maconha; a mistura era usada para combater dores diversas. Durante o festival da colheita, comemora-se o poder curativo da cannabis.

 

Na China, a cannabis tem sido continuamente cultivada desde o Neolítico. Existem registros de plantações milenares em regiões da Ásia.

 

A fibra de cânhamo foi utilizada para produzir tecido antes mesmo da introdução do algodão. Nesse início de século, a China vem procurando substituir as plantações de algodão pelas plantações de maconha. O objetivo é reinserir a fibra do caule do cânhamo na dinâmica do agronegócio e da indústria têxtil.

 

Ritual do fogo

O elemento fogo, que nos proporciona a visão, desempenha uma grande função nos rituais taoístas, que conservam o costume de queimar incensos com perfumes doces para adorar à divindade e meditar sobre o significado da combustão, nas suas características positivas e negativas (como a transformação e a desintegração), proporcionando a comunicação com os planos espirituais e a iluminação, provando dessa maneira a imortalidade.

 

*Por Rodrigo Filho ∴, escritor e ativista

 

 

 

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