Mulheres na Bíblia – As orações de Ana revelam sua fé

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A Bíblia mostra que Ana tinha dois grandes problemas na vida. Sobre o primeiro, ela tinha pouco controle; e sobre o segundo, nenhum. Ela estava num casamento polígamo, e a outra esposa de seu marido a odiava. Além disso, Ana era estéril. Essa situação é difícil para qualquer mulher que deseja ter filhos, mas na cultura e na época de Ana era ainda pior, porque todos esperavam ter descendência para dar continuidade ao nome da família. Ser estéril era uma grande vergonha.

Ana era a esposa preferida de Elcana. A tradição judaica diz que ele se casou primeiro com Ana e alguns anos depois com Penina. Seja como for, Penina tinha muito ciúme de Ana e sempre encontrava um jeito de fazer sua rival sofrer. A grande vantagem de Penina em relação a Ana era sua fertilidade. Ela teve vários filhos, um atrás do outro, e seu orgulho aumentava cada vez que dava à luz. Em vez de sentir pena de Ana e a consolar, Penina se aproveitava do ponto fraco dela. A Bíblia diz que Penina humilhava Ana “para fazê-la sentir-se desconcertada”. Ela fazia isso de propósito; queria magoar Ana, e conseguia.

Ana estava muito aflita porque era estéril, e Penina fazia de tudo para ela se sentir ainda pior

Bem cedo, a casa já estava movimentada. Todos, até as crianças, se preparavam para a viagem. Para chegar a Silo, aquela grande família teria de atravessar mais de 30 quilômetros na região montanhosa de Efraim. A viagem levaria um ou dois dias a pé. Embora Ana soubesse como sua rival agiria, ela não ficou em casa. Assim, deu um valioso exemplo para os adoradores de Deus hoje. Nunca devemos permitir que a má conduta de outros atrapalhe nossa adoração a Deus, pois isso nos impediria de receber justamente a força que Ele nos da para perseverar.

Após um longo dia caminhando por estradas sinuosas nas montanhas, aquela família chegou perto de Silo, no topo de uma colina cercada por montes. Podemos imaginar Ana meditando profundamente sobre o que diria a Jeová em oração. Ao chegar, a família tomou uma refeição. Assim que pôde, Ana se separou do grupo e foi ao tabernáculo de Jeová. O Sumo Sacerdote Eli estava lá, sentado perto da porta. Mas a atenção de Ana estava em seu Deus. Ali no tabernáculo ela tinha certeza de que seria ouvida. Mesmo que mais ninguém pudesse entender o que ela estava passando, seu Pai celestial podia. Toda a angústia de Ana veio à tona, e ela começou a chorar.

Soluçando muito, Ana orou silenciosamente a Jeová. Seus lábios tremiam ao passo que pensava nas palavras certas para expressar sua dor. Ela fez uma longa oração, abrindo o coração ao seu Pai. Mas fez mais do que apenas pedir a Deus que realizasse seu forte desejo de ter filhos. Ana não queria só receber bênçãos de Deus, mas também queria lhe dar o que podia. Assim, fez um voto dizendo que, se tivesse um filho, ela o entregaria para servir a Jeová por toda a vida.

No que se refere à oração, Ana foi um exemplo para todos os servos de Deus. Jeová bondosamente convida seus adoradores a abrir o coração a ele e expressar todas as suas preocupações, sem reservas, como faria um filho que tem um pai amoroso.

No entanto, os humanos não são tão compreensivos como Jeová. Enquanto Ana chorava e orava, uma voz a assustou. Era Eli, o sumo sacerdote, que a observava. Ele disse: “Até quando te comportarás como embriagada? Afasta de ti o teu vinho.” Eli havia notado que os lábios e o corpo de Ana tremiam e que ela parecia perturbada. Em vez de perguntar qual era o problema, ele foi logo concluindo que ela estava bêbada.

Apesar disso, mais uma vez ela deixou um excelente exemplo de fé. Não permitiu que as imperfeições de outra pessoa interferissem em sua adoração a Jeová. Ela respondeu respeitosamente a Eli e explicou sua situação. Então, percebendo que tinha errado e talvez falando num tom mais suave, ele disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o teu pedido.”

Como Ana se sentiu depois de abrir o coração a Jeová e adorá-lo no tabernáculo? O relato diz: “A mulher passou a ir-se embora e a comer, e seu semblante não estava mais preocupado.”

Na manhã seguinte, Ana voltou ao tabernáculo com Elcana. É provável que ela tenha lhe falado sobre o pedido e a promessa que tinha feito a Deus, pois a Lei mosaica dizia que o marido podia anular um voto feito pela esposa sem o seu consentimento. Mas aquele homem fiel não anulou o voto de sua esposa. Em vez disso, ele e Ana, juntos, prestaram adoração a Jeová no tabernáculo antes de voltar para casa.

Quando foi que Penina percebeu que não conseguia mais atormentar Ana? O relato não diz, mas a expressão “seu semblante não estava mais preocupado” sugere que a partir de então Ana recuperou o ânimo. De qualquer forma, Penina logo descobriu que seu comportamento cruel já não tinha mais efeito. A Bíblia não menciona mais o seu nome.

Os meses se passaram e a paz que Ana sentia se transformou numa indescritível alegria. Ela estava grávida! Mas Ana não esqueceu nem por um momento quem a tinha abençoado. Quando o menino nasceu, ela o chamou de Samuel, que significa “nome de Deus”, pelo visto uma referência a se invocar o nome divino, como Ana havia feito. Naquele ano, ela não acompanhou Elcana e sua família na viagem a Silo. Ela ficou em casa por três anos, até desmamar a criança. Então reuniu forças para o dia em que teria de se separar de seu querido filho.

A despedida não deve ter sido nada fácil. É claro que Ana sabia que Samuel seria bem cuidado em Silo, talvez por algumas mulheres que serviam no tabernáculo. Mas ele ainda era tão pequeno! E que mãe não quer ficar perto de seu filho? Mesmo assim, Ana e Elcana levaram o menino, não de má vontade, mas com sentimento de gratidão. Eles ofereceram sacrifícios na casa de Deus e entregaram Samuel a Eli, lembrando-o do voto que Ana havia feito anos antes.

Ana foi uma verdadeira bênção para seu filho Samuel

Então, Ana fez uma oração que Deus considerou digna de ser incluída em sua Palavra inspirada. Ao ler suas palavras em 1 Samuel 2:1-10, em cada linha você notará a profunda fé que Ana tinha em Deus. Ela louvou a Jeová pela forma maravilhosa como ele usa seu poder. Com bons motivos, Ana pôde dizer: “Não há rocha igual ao nosso Deus.” Jeová é totalmente confiável e imutável, um refúgio para todos os oprimidos que buscam sua ajuda.

Com certeza, o pequeno Samuel foi privilegiado por ter uma mãe com tanta fé em Jeová. Mesmo tendo saudades dela, ele nunca se sentiu abandonado enquanto crescia. Todo ano, Ana viajava a Silo, levando uma túnica sem mangas para ele usar no serviço do tabernáculo. Cada ponto costurado era prova do seu amor e carinho. Podemos imaginar seu olhar de ternura e suas palavras bondosas e encorajadoras enquanto colocava a túnica no menino e a ajeitava. Samuel foi abençoado por ter uma mãe assim, e quando cresceu ele mesmo se tornou uma bênção para seus pais e todo o Israel.

Ana também não foi abandonada. Jeová a abençoou com mais cinco filhos. Mas a sua maior bênção foi sua relação com seu Pai, Jeová. E essa relação ficava cada vez mais forte ao longo dos anos. Que o mesmo aconteça com você, ao passo que imita a fé demonstrada por Ana.

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